O fato é que
a peça intitulada “Edifício London” foi escrita pelo talentoso dramaturgo Lucas
Arantes que também lançou o texto em forma de livro editado pela Editora Coruja,
o qual tratei de comprar e está na minha estante aguardando a sua vez para ser “devorado”.
Mas eis que,
nesta manhã de sábado, tomei conhecimento de que a família de uma das partes
envolvidas diretamente na tragédia real tratou de acionar a justiça para
retirar a peça de cartaz, logrando êxito em tal intento.
O pior é
que infelizmente não tomei como surpresa tal notícia. Eu imaginei que, mais
cedo ou mais tarde, iriam fazer exatamente isso. Foi ingenuidade dos produtores
envolvidos imaginarem o contrário. Infelizmente as coisas funcionam assim, mas
sinceramente espero que o imbróglio não acabe aqui, ao menos não dessa forma, pois,
por outro lado, a Cia em questão também tem o direito de se defender e tomar as
providências que entender necessárias. Já ouviu o bordão de que um processo
pode ser um bumerangue? Nunca duvide disso. Pense mil vezes antes de acionar a
justiça, porque se você não estiver bem fundamentado, a depender do caso estará
f*****.
Em contrapartida,
também acho que esse conflito de bastidor, bem menos glamoroso que o conflito
fictício, em última instância também possa se transformar em um chamariz para o
espetáculo (se a situação for revertida). Como diz um bom e velho ditado
popular lá do nordeste: “Forró que não tem briga, não é forró”.
Mas quando
se vai para um forró, “se vai pra um bom rala coxa” e ingenuidade
definitivamente não é um elemento que deva se fazer presente. Pois que no meio
desse rala-rala, percebo que houve uma certa ingenuidade por parte dos
produtores do espetáculo que revelaram sobre em que caso o espetáculo era
inspirado (ao menos lendo o que foi divulgado chego a essa conclusão).
Só acredito
que não deveriam mencionar o caso real e contemporâneo. Deveriam deixar que o
público, por si só fizesse a ilação entre os dois pontos da questão. E se a Justiça
fosse acionada não haveria provas de inspiração na realidade. Até porque, casos
de tragédias envolvendo entes familiares não são novidades no meio cênico. Inclusive
foi divulgado que Edifício London também
teve inspiração nas peças teatrais Macbeth,
de William Shakespeare e Medéia, de
Eurípedes. E estas por si só seriam suficientes para fundamentar defesa em
Juízo no meio de eventual dissídio.
Que se
fizesse como na época da ditadura: Escrevesse ou dissesse o que quisesse, mas
nunca se entregava o ouro para a censura, mesmo o público sabendo do que se
tratava.
A questão
é que vivemos numa “democracia”, nos desarmamos e perdemos o traquejo para
lidar com os detratores ao exaltarmos nossas convicções de peito aberto por
acreditarmos na liberdade de opinião e pensamento. Em contrapartida, a censura
ganhou novos contornos e entre classificações indicativas e outras coisas mais,
vira e mexe, vem com toda a força!