domingo, 28 de outubro de 2012

GUERRA ENTRE EMISSORAS: A RECORD TEM REAIS CONDIÇÕES DE ALCANÇAR A GLOBO?


Como todos bem sabem, 2004 foi uma ano bastante marcante para a televisão brasileira, porque foi a partir dele, que a Rede Record decidiu se tornar verdadeiramente uma televisão competitiva e fazer frente a Rede Globo. Para tanto contratou muita gente boa, investiu em tecnologia de ponta e diversificou a sua grade de programação. Os resultados foram aparecendo e ela se tornou a emissora vice-líder.

Mas o setor que mais recebeu investimentos e trouxe inegáveis resultados, foi sem dúvida o da teledramaturgia, que culminou com a construção do Recnov. Obra que representa de forma “palpável” a evolução da emissora no quesito de produzir novelas, bem como algo bastante significativo no que se refere a expansão do mercado da teledramaturgia. Iniciativa que merece ter voltada para si a torcida de todos nós.

Mas antes que os eventuais amantes da Globo queiram me empalar, lhes digo que também torço pela continuidade da sua inquestionável e qualificada teledramaturgia, desde que não seja desacompanhada de uma concorrente a altura, porque a história da humanidade demonstra de forma irretorquível que o monopólio é uma merda!

Em verdade, não torço por alguma emissora específica, posso dizer que torço pelo sucesso da expansão da teledramaturgia em geral. Porque por tabela desejo a manutenção da ampla concorrência e o crescente número de vagas no mercado de trabalho para todos os profissionais que lidam com este tipo de arte.

E para quem torce por concorrência, há muitos motivos para se animar, pois desde que me entendo por gente, há mais ou menos trinta anos, pela primeira vez percebo que a emissora líder arrumou uma concorrente digna de respeito. Pois, não se pode negar que em matéria de objetivos e resultados de qualidade técnica, a emissora do Bispo Macedo tem sido a que mais se aproximou da “Vênus Platinada”, entre todas que já tentaram.

É claro que todo embate, requer altos e baixos, mas é preciso que se diga que a Record tem duas “armas” com as quais a própria Globo se utilizou para alcançar a liderança: a ampla vontade com objetivos bem definidos e verdadeiras condições financeiras.

Mas apesar de todo o investimento e os bons resultados colhidos, é mesmo possível que a Record (ou qualquer outra emissora) possa alcançar ou até ultrapassar a Globo na sua condição de maior emissora do país? Esta é uma indagação que aposto ser recorrente, até dentro de própria Record. Então vejamos...

Em que pese ser mais fácil para este que vos escreve tentar responder esta indagação, tão somente dizendo que nada é impossível, porque de fato não é. Prefiro seguir o caminho um pouco mais tortuoso, porém mais concreto. Para resumir: vou responder que é possível e dou um exemplo bem oportuno.

Pois bem, há mais ou menos quinze anos, em Portugal, a SIC reinava absoluta no quesito audiência, tendo vez por outra a RTP a dividir as atenções do público. Eis que a TVI resolveu investir na sua programação e para tanto, contratou pessoal, se modernizou e investiu maciçamente em teledramaturgia. Ou seja, fez o que Record está fazendo.

Hoje a TVI é a emissora líder na “terrinha”, embora a SIC esteja reagindo. E é necessário que se diga que o gosto dos portugueses é semelhante ao dos brasileiros, ao menos em matéria de telenovelas. Inclusive as novelas da Globo sempre foram praticamente exibidas de forma rigorosa pela SIC. Ou seja, lá a emissora fez o que parecia impossível: Desbancou as produções da emissora dos Marinho.

Atualmente a TVI tem uma linha de produção semelhante a do Projac. Só que lá, as produções são um pouco mais modestas. A grade de programação segue tendo em média quatro novelas no ar, em esquema parecido com o da própria Globo, inclusive foi exibida uma soap opera de nome “Morangos com Açúcar” que foi transmitida durante quase dez anos e se encerrou em setembro do ano corrente (foi a “Malhação” de lá).

Pois creio que a Record percebeu ou deveria perceber que toda e qualquer emissora de TV que queira crescer, ou ao menos se manter em uma posição confortável se comparada com as demais, deve investir de forma vultosa em teledramaturgia. É ela que fideliza o público e afirmo com toda a certeza do mundo que a própria Globo só chegou onde chegou, por conta da grande aposta que fez nessa área.

Espero que perceba também que antes de tudo, telenovela é história, é texto. Consequentemente texto é autor. Pimba! Era aqui que eu queria exatamente chegar. O êxito ou fracasso de uma novela deve ser creditado INICIALMENTE ao seu autor. Pois os novelistas, estes seres iluminados e praticamente raros, podem ser “o fiel da balança” na disputa pela audiência.

Sem demérito algum aos outros profissionais, é uma história muito bem contada que o público quer ver. E a prova disso é que já existiram superproduções que fracassaram, ao tempo em que novelas com nuances de produções simplórias tiveram um sucesso retumbante: o mérito ou demérito, em ambos os casos se deve inicialmente aos seus autores.

E quando me refiro a boa história, não tenho em mente necessariamente uma obra de inegável qualidade textual, mas a algo que traga para si a atenção da maior quantidade de público e o bom autor, ao menos nos parâmetros dos dias atuais, é aquele que consegue esta proeza cada vez mais difícil. É aquele que aguça a sua perspicácia e se torna sensível para imaginar o que o grande público está predisposto a assistir durante meses.

Logo, os profissionais que oferecem verdadeiras condições de fazer com que a Record se torne uma concorrente verdadeiramente oponente para a emissora líder, são justamente os autores de novelas. Uma novela de sucesso faz com que sua boa audiência se reflita para outros “programas da casa”. Um fenômeno curioso, mas que é verdadeiramente real, vide a atual versão de “Carrossel”, que tem ajudado a tirar o SBT do sufoco. Inclusive, interferindo na média da audiência do dia da emissora do Seu Silvio.

Então aqui cabe uma pergunta: O que fizeram os autores da Record desde 2004, que ainda não a catapultaram ao posto de emissora líder?

Pois eles estavam preparando o terreno e começando a chamar a atenção do público, porque este é justamente o trabalho da comissão de frente: chamar a atenção para si a fim de demonstrar o que vem em seguida. Nesta condição vieram a escrava, os mutantes, novela no morro, no pantanal, novela sobre a máfia... Todas com grade êxito, dentro da realidade da Record. Em contrapartida também vieram produções que não alcançaram boa repercussão, mas foram importantes porque eventualmente apontaram o caminho a não ser seguido.

Em outras palavras, coube a eles começar a atrair espectadores para a emissora e a fazer com que fosse dado início a criação do hábito em torno das suas produções e bem sabemos que hábito é algo que não se cria da noite para o dia, pelo contrário, requer tempo. Um tempo que se confronta com o gosto pelo imediatismo dos excutivos de TV e esperemos que estes sejam pacientes nesse sentido.

Mas novos horizontes devem ser abertos, inclusive no sentido de se procurar produzir a história que seja o “Roque Santeiro” ou o “Pantanal” da Record e demonstre de forma insofismável que alcançar a líder, apesar de ser uma tarefa muito difícil, não é impossível.

Acredito eu, que com o passar do tempo, as cobranças em torno de maiores resultados poderão ocorrer, se é que já não estejam ocorrendo. Mas o que fazer? Onde está a novela prometida?

Gostaria de ter esta resposta, mas os profissionais que eventualmente possam escrevê-la podem estar dentro ou fora da emissora e digo mais: Podem nunca ter escrito uma novela. E isso é possível? É. Pois que todos os grandes autores, principalmente os da primeira geração, começaram praticamente sem uma experiência televisiva anterior.

Na atualidade, o exemplo maior vem de dentro da própria Record, pois sua autora Gisele Joras, após vencer um concurso, foi incumbida de escrever “Amor e Intrigas”, na minha opinião a novela mais redondinha da emissora, até a presente data.

É bom que as perspectivas da Record não se limitem a tentar tirar autores da Globo, o que vai ser uma tarefa cada vez mais difícil, porque, com as constantes perdas - atualmente a do grande Carlos Lombardi -, a emissora do plim-plim vai se blindar de todas as formas possíveis, inclusive oferecendo o céu (e o inferno) para segurar seus profissionais.

Então, as possibilidades estão por todos os lados, também por conta dos que estão fora, inclusive entre quem ainda não teve a oportunidade de escrever uma trama televisiva. Apesar de que, como já disse um renomado autor, um eventual grande novelista seja tão raro quanto um diamante azul. Eu posso dizer que não podemos duvidar da sua existência. Eles só estão escondidos, bem reluzentes, esperando a sua descoberta. Record, é bom se abrir para novas prospecções...

 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

BRINCANDO DE SER O PITANGUY (DAS LETRAS)


Como lhes disse na postagem anterior, tenho retirado da gaveta alguns trabalhos, porque sair da gaveta é o primeiro grande passo para pessoas que estão na minha condição: A de levar a sério, o até então hobby da escrita, para tentar compartilhar de forma profissional “os meus deliciosos devaneios”.

Inicialmente, permitam que eu me explique: O “levar a sério” não implica dizer que nunca tenha tratado a escrita estando comprometimento com o resultado final do que pretendia criar. Só que eu criava tão somente para mim, sem qualquer preocupação em compartilhar com terceiros, muito menos em me tornar um escritor ou roteirista profissional.

De qualquer modo, agora estou constatando a existência de um “fenômeno” que dizem acometer os escritores em sua relação com as próprias criações. Esse fenômeno é o decorrente do “distanciamento da obra”, ocasionado principalmente em função da passagem do tempo.

Certamente vocês já ouviram aquele bom e velho brocado de que “O tempo é o senhor da razão”. E não é que para o caso em tela esse ditado popular cai como uma luva? Agora eu posso testemunhar a favor dos criadores que sempre afirmaram isso, porque atualmente, é exatamente o que estou vivenciando junto as minhas obras outrora engavetadas.

Rascunhos de roteiros de filmes, de livros, de peças de teatro, são como se não fossem totalmente meus. Obviamente reconheço minha intelectualidade neles (para o bem ou mal); mas essa percepção aparece desprovida do “amor” oriundo do envolvimento latente e imediato com a obra.

Como todos sabem, o amor é fogo que arde sem.... Puts, decalcar “aquele outro” agora é foda! O fato é que o amor criativo, por mais fugaz que seja; vai se enfraquecendo na medida em que o tempo vai passando. Poxa, até aqui, o amor é efêmero!

Em contrapartida, estou sendo acometido pelo senso crítico de uma forma ainda mais acentuada e os efeitos disso são bastante curiosos, pois, determinadas obras, que à época da sua criação, eu achava muito boas, agora percebo ser melhor que continuem a ficar no canto mais inalcançável da minha gaveta. Por outro lado, descubro coisas bem bacanas que chego a me questionar se fui eu mesmo que as escrevi. E me desculpem a babação, mas todo pai também tem o direito de lamber a sua cria. Por que só as mães?

É exatamente em torno das coisas que acho bacanas que estou me debruçando e fazendo os retoques que entendo necessários. Afinal, eu sou o tipo de criador que normalmente cria “em cima” do que imediatamente capto por aí: Um fato, uma notícia, uma pessoa, uma experiência própria ou alheia... Dessa forma, a contemporaneidade entre a percepção do objeto inspirador e o desenvolvimento da idéia, acaba sendo uma característica recorrente em minhas obras. Isso acaba por influenciar a forma com a qual desenvolvo a minha narrativa. E a forma de materializar a ideia, quando as escrevi há muito tempo atrás, pode não funcionar na atualidade.

Tirando daqui, colocando ali, modificando por acolá; eu vou realizando uma verdadeira maratona de adaptação no intuito de torná-las mais interessantes aos olhos dos meus atuais anseios.

É um trabalho que tento fazer de forma minuciosa e sem alterar a verdadeira essência das criações. Dá um trabalho danado, mas com as cautelas indispensáveis, espero que consiga torná-las joviais sem fazer parecer que usaram botox. Afinal, o amor acaba, mas o respeito sempre deve permanecer. Não é o que também diz a sabedoria popular?

Também estou no twitter: @TonnyCruzBR