quarta-feira, 16 de maio de 2012

PUBLICO OU NÃO PUBLICO: QUE DÚVIDA !

A postagem anterior em que eu dividi uma experiência com vocês, envolvendo uma produtora portuguesa deixou o pessoal bastante eufórico. Lá eu afirmei que se houvesse solicitação iria publicar aqui no blog a sinopse de novela que enviei para Portugal.
Mas confesso que ainda não estou estimulado para publicá-la. Apesar do projeto ter sido registrado há alguns anos, não gosto muito de publicar meus trabalhos na web e não me chamem de “arregão”, porque sabemos que a net não é lugar para inocentes.
Em contrapartida, vejo que a visitação daqui é composta por pessoas da melhor espécie, as quais quero chamá-las de colegas ou companheiros, mas por favor, sem alusão política, caso contrário perco a audiência do pessoal que admira o pássaro tucano.
Por falar em audiência, apesar da visitação do blog ter dado um boom extraordinário de ontem para hoje, até a escrita desta nova postagem, só duas pessoas solicitaram a publicação da referida sinopse. Um descompasso descomunal com o número de visitantes. Ainda sobre a audiência, podem comparecer aqui todos os dias, porque, via de regra, as postagens são sempre diárias. Também fiquem a vontade para comentá-las
Sei que muitos ficam receosos em fazer comentários, achando que terão que fazer algum cadastro ou link. Já não há mais essa obrigatoriedade. Podem comentar como anônimos, vou gostar do mesmo jeito. Desde que não me xinguem, porque vou dar o troco.
Só tem uma coisa que eu não gosto: é quando enviam mensagens direto para o meu e-mail lá do canto do blog. Vamos deixá-lo para contatos profissionais?
Enfim, estou numa situação de certa indecisão. Devo publicar a sinopse ou não? Me ajudem!

terça-feira, 15 de maio de 2012

PRODUTORES DE FORA (QUASE) SEMPRE ESTÃO ABERTOS A ROTEIRISTAS BRASILEIROS

Era 2006 ou 2007 e estava totalmente enfadado com a dinâmica estabelecida entre emissoras de TV e novos profissionais, entre eles roteiristas. Me refiro as dificuldades de quem não tem “Quem Indique”, ou conhecimento para tentar, ao menos um contato, com alguém de certa influência dentro desse nicho do audiovisual.
Até que comecei a voltar a minha atenção para o mercado internacional. Este, surpreendentemente mais aberto aos roteiristas estrangeiros. O grande foco foi Portugal, principalmente pelo fato da identidade idiomática. Embora, posteriormente, eu tenha descoberto que aquele país, que possui o povo mais perfeito do mundo (um dia eu direi o porquê), na verdade tem uma produção de teledramaturgia quase tão intensa quanto a do Brasil.
Só que lá a dinâmica é diferente, porque são as produtoras independentes que fornecem conteúdo “roteirístico” para as TV´s e tem até emissora que criou produtora especificamente para este fim.
Na época uma que tinha acabado de ser criada era a Scriptmakers, que apesar do nome, era genuinamente lusa e encabeçada por Rui Vilhena, um guionista (é assim que um roteirista é chamado lá na “terrinha”) icônico na TV portuguesa, que posteriormente veio a ser contratado pela TV Globo, onde colaborou com Aguinaldo Silva em Fina Estampa.
Pois bem, eu, entre tantas histórias já criadas, resolvi enviar “assim do nada”, uma sinopse de telenovela para a produtora recém criada. Mas antes tratei de enviar um e-mail para lá “assuntando” se eles estariam dispostos a receberem projetos de outros guionistas.
No dia seguinte recebi um e-mail muito cordial afirmando que eu poderia enviar o projeto. Logo, eu tratei de enviar uma sinopse de telenovela de minha autoria chamada Laços de Vida. Mas confesso que o fiz assim meio receoso, já que estou acostumado com a sistemática atroz aqui do Brasil.
Isto porque, para quem não sabe, se um roteirista desconhecido mas talentoso, que não adule alguém poderoso, enviar uma sinopse para a TV Globo, a receberá de volta sem ao menos ter sido aberta. Eu até compreendo a atitude da emissora, já que em tempos de indústria do plágio, quem tem “orifício teme pelo que possam querer introduzi-lo”.
Quanto a Record ou SBT não sei o que acontece, mas o destino do projeto certamente seja a lata do lixo ou o seu descanso eterno em uma prateleira, cuja única companhia vai ser a poeira.
Mas voltando ao assunto Portugal. Um certo dia eu abri meu e-mail e vi que tinha recebido uma mensagem de alguém da produtora afirmando que meu projeto tinha sido analisado, que a história era muito boa e muito bem estruturada, mas ela era muito ousada para os padrões portugueses. Isso se deu a seis meses depois do envio do projeto.
De imediato percebi que a produtora, ao menos era de verdade, aberta aos novos roteiristas; o que aqui em regra não acontece, razão pela qual me empolguei. Neste caso vocês podem questionar, qual a razão da minha empolgação, já que tive o projeto gongado.
Pois bem. Na verdade o projeto não foi renegado, como já dito, ele apenas era ousado para os padrões portugueses e hoje acredito que até para os padrões brasileiros, por conta dessa mexicanização que aqui tem imperado e pela graciosidade excessiva que se tem feito para com a classe “C”, que tem levado toda a culpa pela desqualificação do que aqui está sendo feito.
Mas a melhor parte da mensagem viria em seguida, porque logo queriam o meu CV e também queriam saber quais eram as minhas intenções junto a produtora. Aí eu fui traçar um estratégia para impressionar os produtores, já que entendi que aquela era uma oportunidade única. Então pensei: Junto ao meu CV vou enviar uma sinopse feita especialmente para o público português!
E lá fui eu a gastar algumas semanas pesquisando na internet tudo o que tinha sido produzido por lá nos últimos anos e fiquei impressionado com a quantidade de novelas já realizadas. Só depois e agora rapidamente, criei três sinopses.
Tudo pronto para enviar o material e pimba! Fui surpreendido com a triste notícia dando conta do encerramento das atividades da produtora. Fiquei a ver navios.
O meu erro é que perdi muito tempo a pesquisar a história da televisão portuguesa, um verdadeiro contra-tempo que hoje vejo desnecessário. Mas levando em consideração o fato do conteúdo da mensagem, que tenho até hoje salva no meu e-mail, eu devo considerar como um grande afago pra mim, porque vi que ela foi extremamente sincera dada a requisição pelo meu CV e a respeito das minhas intenções com a produtora. Que emissora de TV daqui faz algo nesse sentido?
Estou a contar isso aqui, porque sei que muitos que lêem este blog são roteiristas ou pretensos e que muitos ostentam a possibilidade de trabalharem na TV, especialmente na escrita de novelas. Quero aqui demonstrar que isso pode ser possível, mas começar a firmar o nome por uma emissora internacional pode ser um caminho curiosamente mais seguro. Que tal?
Mas antes que alguém pergunte, que raios teria de tão ousado na tal sinopse enviada. Eu respondo que em breve poderei publicá-la aqui, tão somente como forma de matar eventual curiosidade, bem como servir de parâmetro para o que deve (ou não) ser feito em um projeto a ser enviado para o exterior. Mas confesso que só o farei se houver solicitação por parte de vocês, caso contrário não vou perder meu tempo expondo um trabalho de forma desnecessária. Não estou certo?
@TonnyCruzBR         

sexta-feira, 11 de maio de 2012

ATENÇÃO ROTEIRISTAS, ISSO TAMBÉM SERVE PARA VOCÊS: PESSOAS JURÍCAS FORJADAS PODEM MASCARAR RELAÇÃO DE EMPREGO

Creio que vocês já devem ter acompanhado notícias de empresas envolvidas em imbróglios relacionados com os famosos PJ´s ou pessoas jurídicas. O fato é que entre verdades e mentiras, os PJ´s quase sempre estão no foco da mídia por razões controvertidas.
De longa data, esses profissionais têm despertado a atenção das autoridades que lidam com questões trabalhistas, no sentido de se tentar coibir uma prática comum, mas muitas vezes de difícil constatação: a criação de uma pessoa jurídica simulada, no intuito de encobrir uma relação de emprego.
Agora eu peço licença aos estudiosos do direito, porque quero ilustrar uma situação que envolve discussão jurídica, a qual pretendo continuar a usar a minha linguagem informal, que é a marca deste espaço. Desde já lhes digo que não quero transformar esta postagem num artigo jurídico, mas tão somente em algo esclarecedor que possa levá-los a uma certa reflexão, sem que tenha que me apoiar em um exemplo específico.
Pois bem, as pessoas jurídicas são empresas representadas por pessoas físicas que prestam serviços para uma contratadora dos seus préstimos. Nela há uma relação contratual cujo objeto é a mera prestação de serviços, onde uma presta o serviço contratado e em contrapartida recebe o montante que lhe cabe, sem que desta relação surjam efeitos na seara trabalhista. De uma forma simplória é mais ou menos assim.
Já a relação de emprego é uma relação jurídica mais complexa, que se configurada, traz para ambas as partes; empregador e empregado uma série de direitos e obrigações tuteladas pela Constituição Federal e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
No entanto, para ser configurada uma relação de emprego é necessário que estejam presentes quatro requisitos, que indissociáveis, fazem existir uma relação jurídica complexa, com todas as suas consequências, mesmo que não tenha sido assinado um contrato neste sentido.
Os requisitos são: 
A pessoalidade: o próprio empregado presta o serviço em seu nome e diretamente ao empregador. Por isso pessoa jurídica, a princípio não pode ser empregado.
Onerosidade: o trabalho prestado deve ter como contraprestação uma remuneração, o salário. Serviços gratuitos, como o voluntariado, não são empregos.
Subordinação: o empregado está subordinado ao empregador. Ele presta os serviços sob as suas orientações, sem igualdade hierárquica.
Não eventualidade: o trabalho deve ser habitual. Serviços prestados esporadicamente não podem ser considerados como requisitos para reconhecimento de relação de emprego.
Mais uma vez deixo claro que, para que seja configurada uma relação de emprego, é necessária a existência concomitante destes requisitos, na falta de um, já não é possível existir a relação jurídica empregatícia.
No entanto, o que ocorre, é que por vezes profissionais prestam seus serviços com a existência desses quatro requisitos, mas nos termos do contrato, estão configurados como pessoa jurídica, gerando uma fraude na legislação trabalhista. E o pior é que muitas vezes uma relação de emprego já está assim pactuada desde o início, mas na prática se faz um contrato de prestação de serviço mediante um PJ.
A razão da fraude reside no fato de que, ao trabalhar como PJ, o empregado não tem para si o recolhimento de todos os encargos e tributos a nível previdenciário e fundiário (do FGTS), como também, ao fim do término do contrato, não tem direito a receber todas as verbas trabalhistas decorrentes da relação empregatícia.
Mas nem tudo está perdido, pois se o PJ trabalha como se empregado fosse, ao fim do contrato com a tomadora dos seus serviços, ele pode ajuizar uma reclamação trabalhista junto a Justiça do Trabalho, para expor os fatos e pleitear a anulação do contrato como PJ, pedindo o reconhecimento e a declaração da relação de emprego. Desse modo o empregador vai ter que pagar, ainda que retroativamente, todas as verbas que o empregado tem direito se este vier a lograr êxito no litígio.
Essa regra vale para todo e qualquer profissional, de qualquer área ou função. Inclusive os roteiristas, mesmo que eles prestem seus serviços em casa. Pois a nossa legislação trabalhista permite que o empregado trabalhe fora das dependências da empresa empregadora.
Mas atenção! A ação só deve ser ajuizada dentro de um período de dois anos contados do fim do contrato de prestação dos serviços, sob pena de prescrição que a é a perda do direito de ajuizar a reclamação trabalhista.
Se você trabalha ou conhece alguém que trabalha como PJ esteja atento para não ter seus direitos sabotados. Mas antes que vocês terminem de ler esta simplória postagem e pulem da cadeira feito um canguru pirilampo no intuito de “botarem a sua empresa no pau”; lembro mais uma vez, que é necessária a existência concomitante dos quatro requisitos anteriormente demonstrados.
Aconselho até consultar um advogado, que vai lhe perguntar todos os detalhes necessários para que seus direitos possam ser assegurados e devo lhes garantir que no ramo jurídico o diabo reside mesmo é nos detalhes.
Não sei se fui claro, mas a minha intenção foi tão somente alertar para evitar que vocês também caiam numa eventual fraude e se caírem, já saibam como procederem.

Qualquer dúvida me sigam lá no twitter:  @TonnyCruzBR

quinta-feira, 10 de maio de 2012

VÍDEOS NA INTERNET NÃO SUPERAM A EMOÇÃO DA TV OU CINEMA

Recentemente vocês têm acompanhado os incontáveis litígios entre os estúdios de cinema e emissoras de TV´s de todo o mundo contra os “baixadores” de conteúdos piratas, bem como contra os sites que hospedam vídeos a serem vistos on line.
Esta é uma briga que vem de longa data e já sabemos que por traz de toda essa celeuma generalizada, há muito$ fatore$, este$ tão explícito$ que aqui nem valem maior aprofundamento.
O fato é que se os piratas não fossem tão prestigiados pela audiência dos internautas, acreditem, ninguém se preocuparia com o uso indevido das suas imagens. O que move o mundo é o “olhão” no sucesso alheio, principalmente se este êxito se utilizar de elementos de terceiros. Razão pela qual não coloco vídeos ou fotos de ninguém por aqui. Já notaram? Pois se assim eu fizer, logo aparece um esperto pra querer “colocar no meu”.
Afinal, a net quase sempre funciona assim: retire algum conteúdo do seu mais profundo limbo e republique. Deixe que isso “virule” e pimba! Você tá frito se não estiver autorização de vinculação sobre o mesmo.
Mas voltando ao assunto. Por mais que se aumente a vigilância sobre os “pobres” conteúdos piratas, que aqui os chamo de representantes da difusão democrática logístico-empreendedora da dinâmica profusora da produção visual da propriedade alheia. Nunca se extinguirá o desejo pelo direito alheio, principalmente se ele estiver vinculado ao lazer.
Vejam bem, antes que a turma do politicamente correto queira me empalar, eu não estou fazendo apologia a pirataria. Só acredito que este vírus é “incurável”. É fato. Mas é uma realidade contra a qual não adianta se insurgir. É preciso tirar proveito dela e há exemplos disso. Vejam aquele famoso site de vídeos on line. O que é aquilo senão pirataria. Só que em muitos casos os estúdios de cinema e emissoras de TV até fizeram acordo com tal site. Se ele tem audiência com vídeos de produções já feitas ou exibidas, é nele que também serão divulgados os produtos a serem futuramente lançados.
Normalmente o que se fez, já teve seus custos cobertos. A bola da vez é fazer se pagar pelo que foi produzido e será lançado. Quanto a isso vocês podem ver os grandes números de trailers de filmes ou chamadas de programas de TV espalhados na internet. Montou-se ali uma parceria simbiótica, onde um passa a precisar do outro, sem que haja parasitismo.
Eu mesmo descobri que existem vídeos de filmes brasileiros completos lá no youtube (ops, falei o site!) e confesso que tenho assistido a muitos sem sensação de culpa. Eu penso que se lá estão é porque deixaram estarem.
Mas ainda assim, a emoção não é mesma da sentida no cinema. A emoção pelo que se vê na telona ainda é insubstituível e se todos pensarem assim, não há site que derrube a sétima arte exibida na sua mais sublime essência.
Também prefiro assistir novelas ou séries no momento em que elas são exibidas, porque tenho a sensação de que só vê-las on line no dia seguinte é sensação certa de tomar café requentado e não gosto de café, muito menos requentado.
Logo, se toda a produção audiovisual estivesse com seu futuro a ser pautado pelo meu gosto, as redes de cinema, estúdios e TV´s não iram passar por alguma intempérie, porque para mim o que vale mesmo é “o trâmite das coisas pelas suas vias oficiais”.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

A UNIÃO FAZ A FORÇA

É com esse título clichê que eu propositalmente inicio a postagem de hoje, porque não haveria outra frase que servisse tão bem para o nosso caput. Isto porque, na noite de ontem estreou a série Fora do Controle, fruto de uma parceria entre a Rede Record e a Gullane Filmes.
A emissora todos já conhecem, mas a produtora, talvez ainda não seja do conhecimento do grande público. Quem é do meio audiovisual, especialmente do cinema, sabe bem do que se trata. A Gullane é uma produtora que desde a sua gênese tem buscado a excelência na sua linha de produção e sempre esteve aberta a parcerias.
Por conta da sua ampla visão, tem colecionado uma série de sucessos tanto na TV quanto no cinema. Basta que eu cite ao menos três filmes do seu catálogo, para que vocês tenham uma boa ideia do porquê ela é icônica.
É justamente nessa linha das produtoras independentes que reside o futuro do nosso cinema. As produtoras já são uma realidade, mas o futuro do audiovisual é bastante promissor se continuar sendo o campo de atuação de muitas delas.
Eu já disse aqui mesmo que não acredito que o Brasil venha a ter uma indústria de cinema tal qual a Índia, muito menos como Hollywood. Em contrapartida, acredito que as produtoras independentes passarão por uma transformação no sentido de realizarem parcerias entre si, criando intricadas redes de co-produção que terão uma dinâmica ligeiramente inspirada nos grandes estúdios de Hollywood.
Essa dinâmica vai se estender desde a captação de recursos, até a fase mais inglória, que é a de inserir uma produção na rede de exibição comercial. Um problema que eu tenho abordado com frequência e que torço ansiosamente para a sua rápida supressão.
Acredito também que a TV não sairá “ilesa” das futuras parcerias. Acho que boa parte da programação será destinada a programas independentes. Eu sei que essa palavra ficou meio maculada, pois que, quando se fala em produção independente, lembramos daqueles malditos avisos, normalmente com palavras brancas em fundo azul a cacarejarem: este programa é uma produção independente e blá, blá, blá...
Daí então, eis que surge um pastor ou aquelas figuras dos programas de produtos importados, cujas dublagens são tão grotescas que lembram as novelas mexicanas dos anos oitenta. O Brasil é mesmo um dos melhores países em termos de dublagem? Chiiii....
A produção independente a que me refiro é aquela “feitinha” para agradar e não para espantar a audiência e não poderia ser o contrário, pois eu acho que o futuro das emissoras que estão tentando se firmar está nas parcerias com as produtoras independentes. Porque estas criam produtos que alinham a linguagem da televisão com a do cinema, num lampejo criativo capaz de chamar uma parcela do público que está “de mal” com a TV aberta. A série Fora de Controle pode ser um forte exemplo neste sentido, principalmente em época de tanto gracejo para a classe “C”.
Antes que alguém me envie um e-mail a cobrar. Eu não listei ao menos os três produtos da Gullane, porque quero que vocês vão lá no site da produtora e vejam com seus próprios olhos “que a terra não há de comer”, as produções já realizadas pela produtora e depois me digam se não tenho razão ao depositar minhas esperanças no futuro das produções independentes.

terça-feira, 8 de maio de 2012

MAIS UM AO ENCONTRO DOS “DEUSES”

Eu não sei se já lhes disse que este espaço nunca vai se dedicar a falar sobre a vida das celebridades, muito menos sobre fofocas. Acho que já disse que aqui não interessa saber “quem está comendo quem” e quem teve as suas fotos íntimas divulgadas na net. Também não me interessa destinar o espaço para noticiar fatos dotados de forte emoção de fã, como fazem alguns blogs de conteúdo audiovisual.
Então acho que quem vem me acompanhado desde sempre, já deve ter percebido que aqui não me rasgo em elogios sedosos, pelo contrário, gosto mesmo é de, sem trocadilhos ou duplo sentido, “descer o pau”. Até porque falar mal, principalmente de quem merece é uma delícia.
Diante do meu salutar senso ranheta, aliado ao meu deboche, sarcasmo e ironia, que eu juro que tento me livrar, mas eles me perseguem tal qual um cachorro bobo atrás do dono. Eu quase sempre me recuso a elogiar. Puxar o saco, nem pensar.
Aliás, se dependesse de puxar saco eu morreria a míngua, porque não tenho talento para isso. Acho que tem gente que tem vocação para essas coisas, em descompasso com o seu senso de vergonha. Mas como sempre a gente tem o “rabo preso” em algum aspecto de nosso passado. Eu confesso. Uma vez eu tentei puxar o saco de uma certa pessoa de nome midiático sonoro e não logrei êxito. Função que delego para quem se interessar.
Estou escrevendo tudo isso a fim de preparar o terreno para elogiar um profissional que de fato merece tal reconhecimento. Ele atende pelo nome de Afonso Poyart, diretor e roteirista do filme Dois Coelhos, um dos melhores filmes do nosso cinema nacional dos últimos anos.
O grande trunfo do diretor foi que ele se destinou a fazer um filme com uma linguagem ágil e moderna, nitidamente influenciada nos filmes de Guy Ritchie, Quentin Tarantino e Christopher Nolan. Seu trabalho é um raro caso de maestria, pois, Poyart também cumulou a função de diretor com a de roteirista, “saindo bonito na fita”, já que nem sempre bons diretores são bons roteiristas. Aliás, conto nos dedos algum que tenha se saído bem na segunda função.
Se você não assistiu Dois Coelhos, assim que sair na locadora trate de locá-lo. Pois este filme foi feito para brigar com os filmes de Hollywood em termos de qualidade técnica e história. Acho que seu roteiro deve ser um primor. Ainda não tive acesso a ele, mas o colocaria sem pudor na moldura de um quadro.
Simbolismos a parte, acredito que num futuro nem tão distante, isso que aqui escrevo jamais se constituirá em algo vergonhoso para mim, que de “rabo preso” já estou com a cota cheia. Mas indo ao assunto: Poyart é um diretor da nova geração, na qual eu deposito minhas expectativas no futuro do cinema nacional. É um desses que sabem fazer filme para dar bilheteria e com sua direção inquietante, também acho que não vai se acomodar em fazer qualquer tipo de produção, com vistas tão somente a viver de subsídios públicos.
O resultado da visão do rapaz? O seu filme foi reconhecido em Hollywood, o que lhe tem garantido diversas reuniões com executivos de grades estúdios e como se não bastasse ainda querem fazer uma versão americana do longa.
É por aí garoto. Em um primeiro momento, filme deve ser feito para atrair público e fazer bilheteria e se essa vontade estiver aliada a alta qualidade, o resultado é uma catarse que nuca vai ser usufruída pelos que têm ojeriza ao cinema comercial.
É por esse caminho que os novos profissionais devem trilhar. Embora possam receber algum tipo de rótulo mofado de quem se conforma em fazer cinema para meia dúzia e se sustentar eternamente nas tetas do financiamento público.
Chupa essa escumália!

segunda-feira, 7 de maio de 2012

CIRCUITO DE EXIBIÇÃO INFLEXÍVEL É UM GRANDE ENTRAVE NA DISTRIBUIÇÃO DE FILMES

Neste fim de semana circularam notícias dando conta de que O Sonho de um Sonhador, último filme em que o humorista Chico Anysio atuou, ainda não tem data para estrear.
O longa já está totalmente finalizado há três anos e a demora no seu lançamento reside, tão somente, no fato da película estar enfrentando dificuldades para conseguir distribuição e espaço nas salas de cinema do país.
Inobstante ao fato dos nomes envolvidos nesta produção, esta questão da dificuldade de se colocar um filme no circuito de exibição comercial é um dos fatores que fazem parte de um ciclo impeditivo no desenvolvimento do cinema nacional.
Sabendo das dificuldades a serem enfrentadas neste sentido, os produtores se preocupam em realizarem filmes autorais, destinados a circuitos alternativos ou para participação em festivais, o que os levam a apostarem em enredos destinados a agradarem jurados, ou a um nicho de público com anseio por histórias experimentais desprovidas de apelo popular.
Pode parecer piegas, mas na verdade, o povo fica excluído de todo esse processo, o que revela o lado perverso do sistema de financiamento conscrito nas leis de incentivo: Filmes são financiados com dinheiro público e ao fim, a maioria da população não tem acesso ao que se produziu.
Como conseqüência, há uma certa acomodação por parte dos produtores, que se acostumam a essa sistemática viciosa e alguns passam a viver com o “pires nas mãos” (ou seria melhor dizer cuia) em busca de financiamento público. Sem falar nos abusos cometidos, de forma excepcional – o que eu quero crer – onde já se compraram apartamentos ou montaram produtoras com o nosso dinheiro (embora eu nada prove), em descompasso com o que realmente deveria ter sido alvo do investimento recebido.
Todo esse emaranhado já solidificado, faz com que os produtores, diretores e roteiristas que pretendem, de fato, construírem um cinema feito para dar bilheteria, ainda que aliado a boa qualidade, acabem sendo vistos como praticantes do oitavo pecado capital. Porque não sei se vocês sabem, mas há um “senso comum” entre certos cineastas que acreditam que realizar um filme com o intuito de fazer bilheteria é algo tão insultuoso quanto cuspir na cruz sagrada.
Em outras palavras, para eles, carregar para si um projeto de filme tido como comercial é algo tão grotesco quanto ter em si a mais violenta das lepras (assim mesmo, pois o termo hanseníase soaria sublime demais para o caso).
É uma realidade semelhante ao do pedinte de trânsito, que passa a nutrir um ódio extremo pelo novo transeunte, que para ganhar seu dinheiro dignamente, passa a vender jornais. Angariar dinheiro, sem que se faça um trabalho como forma de contraprestação vicia e quem cai nesse vício não aceita que o seu ex-semelhante “arregace as mangas” e saia dessa “zona de conforto” mendicante.
Pois é assim que eu vejo uma boa parte dos cineastas: são todos mendicantes, que se acomodaram com as dificuldades e também as regalias do nosso sistema de financiamento.
Mais comemoremos pelo fato de que nos certames de seleção de projetos a serem contemplados com patrocínio público, ainda não se criou o sistema de “cotas” ou de “bolsas”, bem ..., é melhor eu calar a boca senão, eis que surgirá algum “sábio”, a apoiar essa idéia.
Voltando ao assunto. É necessário romper esse circulo vicioso, fazendo projetos populares e de bom gosto, exigindo sim, igualdade na luta contra os Blockbusters americanos. Caso contrário, os novos realizadores serão convocados pela velha guarda a também entrarem no meio do trânsito munidos de suas cuias, a perpetuarem de forma tenebrosa esse vício.

sábado, 5 de maio de 2012

MIAMI SE TORNA CENTRO DE PRODUÇÃO DE TELENOVELAS LATINAS

Inicialmente gostaria de dizer que as postagens aqui são diárias, sendo uma exceção quando isso não acontece. Podem comentá-las livremente. Não é preciso fazer qualquer cadastro. Aceito comentários como “anônimo”.
Na postagem anterior comentei acerca da produção de telenovelas dos EUA, pois bem, é em Miami que timidamente (?) tem se formado um verdadeiro pólo de produções de folhetins latinos. O objetivo é gerar conteúdo novelesco para as redes de TV´s voltadas para o público hispânico que vive na terra do Tio San: a Telemundo e a Univision.
No entanto, os avanços vistos em sede tecnológica e nos roteiros dessas produções, têm atraído a atenção de parte do público genuinamente americano. Quem diria eih...?!. Talvez seja esse um reflexo de uma certa alteração na tolerância aos latinos, que talvez já não sejam vistos como reles formigas. Embora ainda exista quem assim se comporte, com o fato de praticamente venderem sua alma ao diabo para cruzarem clandestinamente uma fronteira inóspita sob o sério risco de tomar um tiro bem no meio dos córneos.
A adesão de um público cada vez mais improvável para as tais novelas se deve ao fato de se retirar da sua linha de produção alguns artifícios controvertidos, tais quais, figurinos esfuziantes, cenários precários, maquiagem carregada e uma interpretação mecânica por parte dos atores.
Em contra-partida há a inclusão de elementos que acabam caindo no gosto do público em geral, como uma produção cuidadosa,  direção segura e um elenco de beleza ímpar, bem distante das novelas mexicanas antigas, cujos atores pareciam terem sidos escolhidos a dedo dentro de um trem fantasma.
A sensualidade também é permitida e corpos esbeltos são bem explorados, numa sinfonia de exibição cujos resultados podem ser semelhantes aos que surgem quando se vê as mais apetitosas épulas. Tudo bem inspirado nas produções brasileiras. Um exemplo dessa ode a beleza foi a novela Acorrentada, produção feita pela Venevision Internacional, que foi exibida recentemente pela CNT. Nela, um belo elenco era colocado exaustivamente com pouca roupa, com o nítido propósito de mexer com os homônimos dos espectadores.
É nessa linha que as produções latinas feitas nos EUA têm trilhado: contar uma história de forma ainda que folhetinesca, mas atenta aos “anseios” da sociedade moderna, com toques de violência e sensualidade. Viva ao prazer sem culpa! Neste sentido os americanos entendem muito bem, pois as maiores esculhambações do mundo são criadas nos EUA, mas para serem feitas ou testadas nos países dos outros, diga-se de passagem. E olha que não estou me referindo ao quesito bélico, porque neste caso a esculhambação é ao cubo multiplicada por trilhões.
Mas voltando ao assunto, este mercado tem se tornado cada vez mais real na cidade de Miami; lá, a política de tributação e de locação de imóveis de luxo, tem atraído as grandes produtoras, desejosas em terem suntuosas mansões como cenário das suas produções. Além de terem comprimida a carga tributária incidente nos seus orçamentos.
Quanto aos orçamentos, ainda não se pode dizer que as produções são arquimilionárias, pois, com três milhões de dólares é possível se fazer uma novela com 120 capítulos. Mas isso não significa dizer baixa qualidade. Há muito cuidado com fotografia, iluminação, cenários, figurinos e etc. Contudo, não exija uma qualidade de Rede Globo, que curiosamente tem rasgado seu manual insculpido no antigo “padrão de qualidade” com o intuito de atingir a classe “C”. Essa vai ser matéria para uma postagem em breve.
Mas novamente voltando ao assunto. O fato é que essa indústria tão crescente tem atraído profissionais de origem latina e olha que aqui não me refiro a profissionais atrás de subempregos. Diretores, produtores, técnicos, atores e roteiristas estão cada vez mais tomando esse rumo em busca de sucesso. O barato é que a oferta de vagas é tamanha que já existem agências especializadas em recrutar pessoal. Os requisitos? Falar espanhol fluentemente e claro ter talento!.
Contudo, tal qual a própria Hollywood em seus primórdios, há inexistência de sindicatos operantes, o que gera a ocorrência de eventuais abusos nos direitos trabalhistas, tais quais a sobrecarga de trabalho. Espero que seja algo a ser resolvido dentro em breve.
Portanto, a terra do Tio San, curiosamente, tem se revelado extremamente aberta aos profissionais latinos. Mas tão somente para aqueles que tenham algum tipo de formação, os quais acredito eu, em nenhum momento sequer tenham imaginado atravessar gatunamente um deserto para ser visto no país alheio tal qual como uma formiga. Sejamos formigas, mas triônicas, supersônicas, tal qual a atômica.
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sexta-feira, 4 de maio de 2012

ONDE ESTÁ A MINA DE OURO?

Todo mundo sabe, ou deveria saber, que a teledramaturgia é o principal produto da maioria das emissoras de TV de todo o mundo. Eu utilizo o termo “produto”, porque é exatamente isso que ela é; embora, por convicções artísticas, tenha quem insista em defender o contrário. O que eu acho um posicionamento ultrapassado, tendo em vista a linha de produção que se exige para colocar no ar um capítulo de uma telenovela ou até mesmo de uma série ou seriado.
No quesito telenovela, todos sabemos que o Brasil (entenda-se TV Globo) sempre reinou no quesito qualidade do texto e de produção. Embora, hoje existam controvérsias quanto ao primeiro caso.
Mas deixando o quesito, alta qualidade de lado, outros importantes mercados produtores sempre tiveram destaque, tais quais a Venezuela, com a poderosa Venevision e a extinta RCTV, que o Hugo Chaves, amicíssimo do ex-presidente Lula, achou por bem fechar; um ato que, em outros tempos faria, os “companheiros” ficarem vermelhos, mas de vergonha. Destacava-se também a TELEFE da Argentina, que já teve dias melhores.
Mas no quesito distribuição, a TV Globo sempre teve um páreo duro a enfrentar: a Televisa do México, certamente você já deve ter assistido, ao menos uma telenovela do seu catálogo de produção. Já ouviu falar em Carrossel? E na maioria das novelas estrangeiras já exibidas pelo SBT?
Pois bem, na última década a Televisa tem reinado absoluta na distribuição de telenovelas, fazendo com que a Globo perdesse um pouco de terreno. O que tem feito a emissora dos “Marinho” se movimentar, inclusive na busca de co-produções com outras emissoras estrangeiras, como forma de garantir sua firme atuação internacional.
Mas o próprio panorama mundial tem se modificado com o aumento de "pólos de produção" de telenovelas, por um lado dentro dos países que já tinham essa tradição, como também entre países que praticamente não produziam este produto.
Na Argentina tem aumentado o número de produtoras independentes que têm se voltado para esse nicho, a exemplo da poderosa Cris Morena Produções, especializada na produção de tramas infanto-juvenis. Foi de lá que saíram as versões originais de Chiquititas e Rebelde.
Em Portugal a TVI, que em um fantástico crescimento fez o que a Record está tentando fazer por aqui: Investiu pesado na linha de telenovelas e conseguiu ultrapassar a então líder SIC. Hoje a TVI mantém praticamente três novelas no ar consecutivamente, numa escala de produção semelhante a da TV Globo, embora com algumas particularidades. Entre as quais a de que lá, os autores das novelas não fazem parte do casting das emissoras, mas de agências especializas em gerar conteúdo para as TV´s, a exemplo da Casa da Criação.
Mas quatro países merecem séria observação, pelo que da fato já estão se transformando, quanto pelo fato do que podem vir a se tornarem. O primeiro são os EUA, que na Flórida tem atraído para si uma legião de profissionais, a maioria latinos, como forma de constituírem mão de obra para as novelas da Telemundo e Univision, emissoras voltadas para o público hispânico da terra do Tio San. Este mercado vai ganhar uma postagem própria nos próximos dias.
Os outros três países, são Colômbia, com a RCN e a TV CARACOL, que têm aumentado significativamente as suas produções, sendo a primeira inclusive celeiro de histórias. Muitos dos seus roteiros têm tido os seus direitos comprados e têm se transformado em novelas de êxito da Televisa, entre elas Soy, Beth a Feia, que no México, ganhou uma nova versão e virou a Feia mais Bela, o SBT já a exibiu duas vezes, e a Record fez uma versão exitosa: Bela, a feia.
Outro país é o Chile, sim o Chile tem muito mais que gente sendo soterrada nas minas de cobre, pois que um dos últimos grandes acidentes se tornou na maior novela dos últimos tempos, o que a mídia adorou, pois praticamente lhe saiu a custo zero. E apesar de ter tido a repercussão que teve, o fato não foi capaz de alterar em quase nada a realidade dolorosa dos mineiros daqueles do país.
Mas voltando ao assunto, lá no Chile, quem tem ganhado destaque na produção de telenovelas é a TVN, principalmente pelo fato de estar buscando uma identidade própria, “sugando” o melhor de cada pólo produtor, quais sejam a TV Globo, a Televisa e as emissoras dos EUA, em particular das suas séries policiais e de investigação.
O resultado é que praticamente todas as últimas novelas da TVN têm tido os seus direitos comprados pela Telemundo e ganhado versão própria nos EUA, a exemplo da novela Donde estás Eliza? Uma trama de investigação policial, que tinha o foco no desaparecimento de uma garota.
Por fim tem Angola, com a sua TPA, (TV Pública de Angola), que construiu um complexo de produção de duzentos mil metros quadrados, tornando-se, em termos de infra-estrutura, totalmente capaz de produzir boas novelas. Inclusive, há alguns anos fez Minha Terra Minha Mãe, que não foi produzida neste complexo, mas merece o nosso destaque por conta de ter sido assinada por uma roteirista brasileira.
É aí que reside a curiosidade graciosa de todo esse mercado, ele é aberto para profissionais da escrita, principalmente os brasileiros. Numa curiosidade que se confronta com a realidade atroz do Brasil, onde as emissoras de TV são verdadeiros territórios de muralhas intransponíveis aos novos roteiristas.

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