terça-feira, 27 de março de 2012

O PROCESSO DE CRIAÇÃO E ESCRITA DE UMA NOVELA

Como tenho dito desde o início, o nosso blog tem sido feito de uma forma, digamos “aconchegante”, de modo que a minha grande preocupação é a de escrever de uma forma direta, bem distante do tom formal. De modo que tudo o que eu diga ou escreva aqui poderia ser dito do mesmo modo na mesa de um bar entre um ou outro gole de cerveja.
Sim, porque, ao contrário de outros colegas, que mantém seus blogs para se auto firmarem como grandes candidatos a substitutos de Graciliano Ramos, eu tento seguir o caminho inverso e manter a linguagem um pouco menos formal, porque no fundo nosso blog é uma grande reunião de amigos sedentos por um bom bate papo.
Como partícipe de todo bom bate papo, não tenho pretensões de “catequizar”, ou ensinar ninguém a ser roteirista, afinal não me predispus a criar um curso de roteiro on line, como também sei que meus seguidores são ecléticos e acredito que a maioria absoluta não têm pretensões de serem escritores. Mas aqui sempre estão como confrades movidos pela curiosidade pelo que este que aqui escreve tem a dizer.
Hoje, como prometido, lhes direi como se escreve uma novela, só para matar a curiosidade de muitos de vocês, que acredito alguma vez já devem ter se perguntado como se escreve “aquilo lá”. Eu melhor diria, que aqui mostrarei qual o caminho que se segue na escrita de uma novela.
Em primeiro lugar, tudo parte do óbvio, uma idéia, uma história com um bom teor popular, de preferência uma trama em que o telespectador possa se identificar. Hoje em dia tudo tem sido feito para agradar a classe “C”. A partir daí será desenvolvida uma sinopse, que pode conter a história central, ou todas as histórias que vão aparecer na novela.
A sinopse geralmente vai acompanhada de uma breve apresentação, que é onde o autor coloca o que vai ser a novela, os temas que ela vai conter, os seus objetivos, enfim, é aí que ele já começa a “vender o seu peixe”. De modo geral, as sinopses aqui no Brasil são longas e podem conter facilmente em torno de cem páginas.
Além da apresentação, também existirá uma story line, que é um pequeno resumo da história, contendo poucas linhas, até dez, por exemplo. Também poderão ser apresentados os objetivos específicos, justificativa (as razões que lavaram o autor a escrever a história) e a lista de personagens, contendo a idade, a compleição física e um pequeno arco dramático de cada um.
É claro que não há uma regra definitiva que determine que o projeto deva conter todos esses elementos. Há variação de autor para autor, mas o que é indispensável é a sinopse, por razões óbvias.
Quando o projeto é entregue a emissora, o título ali colocado não é o definitivo, ou sendo o definitivo ele ficará restrito a poucas pessoas, até que o projeto seja registrado. Isso acontece para evitar que algum “espertinho” possa registrar antecipadamente outra obra com o mesmo título com o mero intuito de posteriormente tentar vendê-lo para a emissora, como já aconteceu com a Tv Globo.
Dessa forma, o projeto começa a ser desenvolvido com um título provisório, quase sempre meio absurdo. Ao ser aprovado, o projeto vai ganhado a aderência de outros profissionais, como diretores, produtores e colaboradores.
Estes últimos, como o próprio nome já diz, vão colaborar com o autor na escrita dos capítulos da novela. Geralmente um colaborador é um “dialoguista”, porque a ele cabe a função, de principalmente, desenvolver os diálogos.
Em meio a isso tudo começam uma série de infinitas reuniões onde serão discutidos todos os detalhes da novela, entre eles a escalação do elenco, e é comum aí surgirem algumas rusgas, o que é absolutamente normal.
Voltando a escrita. O autor vai elaborando uma escaleta diária de cada capítulo, com divisão das cenas e descrição minuciosa do que ele quer em cada uma. Então ele faz a sua distribuição determinando quais as cenas que cada colaborador vai desenvolver. E no mesmo dia ele recebe as cenas devidamente escritas, ele junta todas elas e faz uma revisão geral do capítulo, que é entregue a emissora.
Este processo nem sempre é seguido desta forma, porque tem autores que também escrevem cenas a partir da escaleta que eles mesmos criaram, como também existem aqueles que escrevem tudo sozinhos, embora isso seja cada vez mais raro.
Então esse “ritual” é seguido diariamente, em um processo que toma de oito a doze horas diárias do autor, que tem que entregar seguidamente e de forma impreterível, um capítulo por dia. Algo com trinta e cinco até cinqüenta páginas. É um processo muito desgastante.
E alguém pode perguntar: como você sabe, já escreveu alguma novela? E eu diria: mais ou menos, mas isso é assunto para outra postagem. Quem sabe já na próxima...

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