sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

CUIDADO COM OS ZUMBIS


Eu nunca gostei de zumbis. Nunca achei graça em ver um bando de mortos vivos desfigurados sujos de sangue e meio idiotizados a andarem prá lá e pra cá sem um objetivo definido. Também nunca achei que do ponto de vista dramatúrgico esses seres fossem interessantes por conta da sua apatia, ainda que grotesca.

No entanto, respeito muito quem aprecia ser assustado por esses seres curiosos, até porque eles possuem uma característica que me chama a atenção: a sagacidade em atacar subitamente. Pois, no primeiro deslize da sua presa, entenda-se algum pobre mortal, eles partem pra cima sedentos por um bom e suculento pedaço de carne.

Pois bem, as redes sociais e os grupos de discussão estão cheios de zumbis e são os espaços prediletos desses seres. Eles ficam lá, escondidinhos no mais soturno breu, só esperando um deslize alheio para saltarem sagazmente com sua fome animalesca dispostos a destroçarem a pobre vítima sem qualquer dó ou piedade.

A atuação dessas bestas virtuais é mais acentuada nos espaços em que os integrantes desenvolvem ou pretendem desenvolver algum tipo de atividade artística, seja na área literária ou audiovisual. E como a intelectualidade é um elemento que naturalmente vem a ser demonstrado, ainda que de forma indireta, através de opiniões, artigos, textos ou trabalhos propriamente ditos. É através destes elementos que qualquer cidadão corre o risco de ser fudid*.

Qualquer deslize, seja uma incongruência na fundamentação da sua opinião, um erro de digitação, um erro de português, uma dúvida que demonstre completa falta de maturidade profissional ou qualquer outra coisa que eventualmente se constitua em uma eventual “falha intelectual”, eis que algum zumbi surge para te corrigir ou até para te esculhambar, ainda que fazendo uso de uma singela acidez. Só que toda acidez é destrutiva e não tem jeito de ser diferente.

Em outras palavras, aqueles seres que são inoperantes e nunca aparecem no sentido de contribuírem para o compartilhamento de informações; com a falha alheia, passam a ser dotados de uma imensa fome e eis que saltam a dar o ar da nem tão desejada graça.

A esta altura do campeonato alguém já estará a se perguntar se eu fui vítima de alguma criatura deste tipo e eu lhe respondo que não. Não no sentido de ter passado por uma situação específica, que me colocasse na condição de vulnerabilidade, embora reconheça que já cometi os meus deslizes, o que na condição de ser humano (e não de zumbi) absolutamente não me faz ser melhor ou pior que alguém.

Aliás, ao contrário do que possa parecer, isso aqui não é um desabafo, pois eu nunca, jamais, perderia meu tempo a elaborar um texto, ainda que simples e direto, tão somente para atacar zumbis. Este singelo texto está revestido mais para um ALERTA e até MOTIVAÇÃO, porque eu mesmo já incentivei a todos pretensos escritores, dramaturgos e roteiristas para que se mostrassem e desenvolvessem seus trabalhos ou compartilhassem suas experiências de ordem estritamente profissional “on line”.

Por conta dessa minha recomendação, me vejo na obrigação de também advertir sobre “o lado negro da força”. Saibam que ao se expor, vocês estarão a mercê das pragas virtuais e em caso de uma falha ou escorregadela, deverão estar preparados para a trollagem grotesca.

Saibam ainda, que a ausência de distração é a melhor defesa contra tais zumbis. Estejam preparados para a crítica, o sarcasmo e até a esculhambação. Utilizem o ataque a seu favor e os transforme em aprendizado para evitar novos deslizes. Se tornem mais atentos. Essa é a melhor forma de enfrentar tais seres, para que nunca possam te abater. Pois mordiscar o seu lindo e delicioso corpo, só mesmo quem merece e de outra forma bem mais interessante, não é mesmo? Se é que vocês me entendem.

E para quem não escreve ou não pretende se expor na net, tenha essa postagem como uma certa orientação para as suas vidas. Não deixem que te coloquem na condição de vulnerabilidade, pois é exatamente isso que eles mais desejam. Elevar o outro a condição de fraco é a meta inicial de quem deseja o seu mal. Assim, terão exponencialmente reduzido o trabalho para providenciarem a sua derrocada. Rixe, será que tô uma “cruza” de Augusto Cury com o RR Soares?

De qualquer forma, que os zumbis continuem lá, no quinto dos infernos, de onde nunca deveriam ter saído, a beliscarem a carne do capiroto. E quem tiver com “peninha”, que os leve para casa, mas antes tratem de ir à sessão do descarrego do Valdomiro. Se bem que.... É melhor eu calar a boca e encerrar o texto por aqui!

 

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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

HUGO CHÁVEZ AGORA É NOVELISTA


O Hugo Chávez agora tem dado a sua contribuição para o mundo da produção de teledramaturgia. Sua inusitada incursão no mundo da ficção vem agregada com a proposta de fazer novelas socialistas. Um conceito que traz embutido um certo combate a antiga forma de se fazer folhetins, estas vistas como vitrines do capitalismo.

Para tanto, ele “sugeriu” a até então renomada produtora Delfina Catalá que fosse feita uma telenovela que abordasse a Vales do Tuy, o sistema ferroviário inaugurado por ele próprio em 2006 e hoje o único ativo no país.

Com a sugestão, foi criada a novela “Teresa em Três Estações”, uma produção orçada em quatro milhões de dólares financiada com dinheiro público, mas que enfrenta a rejeição de boa parte dos telespectadores.
A trama gira em torno da dura vida de uma mãe solteira, de um estudante de arte e de um motorista de trem, tendo como pano de fundo o folclore venezuelano. Ao que perece, as tramas são costuradas tendo em comum a vida em torno da referida ferrovia. Um bom argumento feito na medida para enaltecer o grande feito do seu criador original.

A produção é exibida pela estatal “Tves” a emissora que ocupou o lugar da estação privada RCTV. Esta última, que por sua vez, ajudou a popularizar o gênero telenovela na Venezuela, teve o destino que todos nós bem sabemos...

Pois é o Hugo, que quando aqui vinha e era recebido com honras e pompas, não poderia deixar que o público ficasse órfão de um gênero tão popular em seu país e logo tratou de colocar uma estação no lugar da outra. Só que desta vez, com algumas ressalvas, afinal, a melhor música é aquela que se quer ouvir.

A curiosidade nesta história reside no fato de que o conflito mais interessante está nos seus bastidores, pois as más (e boas línguas) estão a dizer que nem todos os profissionais que adentraram no projeto sabiam de forma absoluta do que se tratava e tem até relato choroso de gente que tem sido hostilizada por parte do público, pelo simples fato de estar participando do projeto. Malditos anti Chávez, eles vêem maldade em tudo que o seu líder faz!

Pois além de suprir um enorme vazio deixado pela extinta emissora, Chávez evita uma pandemia decorrente da abstenção generalizada de telenovela e ainda garante o emprego de vários artistas. Que nem devem se incomodar tanto com as agressões que têm sofrido por parte do público. 

Como se não bastasse, o gênero telenovela deve ter ganhado mais adeptos, a exemplo daqueles senhores moradores de algum vilarejo mais inóspito - aqueles que ganharam um emprego em uma empresa nacional do ramo petrolífero, cujo mercado se abriu quando expulsaram as estrangeiras do país, entre elas a nossa imponente Petrobrás – pois os mesmos agora já não devem achar que novela é coisa para baitola.

Mas enquanto o grande público não embarca nos sonhos da sua dita novela socialista e se entrega de uma vez por todas ao drama da dura vida da mãe solteira e sua turma. A “TVes” poderia elaborar vários grupos de discussão no sentido de detectar os eventuais erros da sua história. Vai ver que para a maior parte do público a dita continua cada vez mais dura.

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domingo, 28 de outubro de 2012

GUERRA ENTRE EMISSORAS: A RECORD TEM REAIS CONDIÇÕES DE ALCANÇAR A GLOBO?


Como todos bem sabem, 2004 foi uma ano bastante marcante para a televisão brasileira, porque foi a partir dele, que a Rede Record decidiu se tornar verdadeiramente uma televisão competitiva e fazer frente a Rede Globo. Para tanto contratou muita gente boa, investiu em tecnologia de ponta e diversificou a sua grade de programação. Os resultados foram aparecendo e ela se tornou a emissora vice-líder.

Mas o setor que mais recebeu investimentos e trouxe inegáveis resultados, foi sem dúvida o da teledramaturgia, que culminou com a construção do Recnov. Obra que representa de forma “palpável” a evolução da emissora no quesito de produzir novelas, bem como algo bastante significativo no que se refere a expansão do mercado da teledramaturgia. Iniciativa que merece ter voltada para si a torcida de todos nós.

Mas antes que os eventuais amantes da Globo queiram me empalar, lhes digo que também torço pela continuidade da sua inquestionável e qualificada teledramaturgia, desde que não seja desacompanhada de uma concorrente a altura, porque a história da humanidade demonstra de forma irretorquível que o monopólio é uma merda!

Em verdade, não torço por alguma emissora específica, posso dizer que torço pelo sucesso da expansão da teledramaturgia em geral. Porque por tabela desejo a manutenção da ampla concorrência e o crescente número de vagas no mercado de trabalho para todos os profissionais que lidam com este tipo de arte.

E para quem torce por concorrência, há muitos motivos para se animar, pois desde que me entendo por gente, há mais ou menos trinta anos, pela primeira vez percebo que a emissora líder arrumou uma concorrente digna de respeito. Pois, não se pode negar que em matéria de objetivos e resultados de qualidade técnica, a emissora do Bispo Macedo tem sido a que mais se aproximou da “Vênus Platinada”, entre todas que já tentaram.

É claro que todo embate, requer altos e baixos, mas é preciso que se diga que a Record tem duas “armas” com as quais a própria Globo se utilizou para alcançar a liderança: a ampla vontade com objetivos bem definidos e verdadeiras condições financeiras.

Mas apesar de todo o investimento e os bons resultados colhidos, é mesmo possível que a Record (ou qualquer outra emissora) possa alcançar ou até ultrapassar a Globo na sua condição de maior emissora do país? Esta é uma indagação que aposto ser recorrente, até dentro de própria Record. Então vejamos...

Em que pese ser mais fácil para este que vos escreve tentar responder esta indagação, tão somente dizendo que nada é impossível, porque de fato não é. Prefiro seguir o caminho um pouco mais tortuoso, porém mais concreto. Para resumir: vou responder que é possível e dou um exemplo bem oportuno.

Pois bem, há mais ou menos quinze anos, em Portugal, a SIC reinava absoluta no quesito audiência, tendo vez por outra a RTP a dividir as atenções do público. Eis que a TVI resolveu investir na sua programação e para tanto, contratou pessoal, se modernizou e investiu maciçamente em teledramaturgia. Ou seja, fez o que Record está fazendo.

Hoje a TVI é a emissora líder na “terrinha”, embora a SIC esteja reagindo. E é necessário que se diga que o gosto dos portugueses é semelhante ao dos brasileiros, ao menos em matéria de telenovelas. Inclusive as novelas da Globo sempre foram praticamente exibidas de forma rigorosa pela SIC. Ou seja, lá a emissora fez o que parecia impossível: Desbancou as produções da emissora dos Marinho.

Atualmente a TVI tem uma linha de produção semelhante a do Projac. Só que lá, as produções são um pouco mais modestas. A grade de programação segue tendo em média quatro novelas no ar, em esquema parecido com o da própria Globo, inclusive foi exibida uma soap opera de nome “Morangos com Açúcar” que foi transmitida durante quase dez anos e se encerrou em setembro do ano corrente (foi a “Malhação” de lá).

Pois creio que a Record percebeu ou deveria perceber que toda e qualquer emissora de TV que queira crescer, ou ao menos se manter em uma posição confortável se comparada com as demais, deve investir de forma vultosa em teledramaturgia. É ela que fideliza o público e afirmo com toda a certeza do mundo que a própria Globo só chegou onde chegou, por conta da grande aposta que fez nessa área.

Espero que perceba também que antes de tudo, telenovela é história, é texto. Consequentemente texto é autor. Pimba! Era aqui que eu queria exatamente chegar. O êxito ou fracasso de uma novela deve ser creditado INICIALMENTE ao seu autor. Pois os novelistas, estes seres iluminados e praticamente raros, podem ser “o fiel da balança” na disputa pela audiência.

Sem demérito algum aos outros profissionais, é uma história muito bem contada que o público quer ver. E a prova disso é que já existiram superproduções que fracassaram, ao tempo em que novelas com nuances de produções simplórias tiveram um sucesso retumbante: o mérito ou demérito, em ambos os casos se deve inicialmente aos seus autores.

E quando me refiro a boa história, não tenho em mente necessariamente uma obra de inegável qualidade textual, mas a algo que traga para si a atenção da maior quantidade de público e o bom autor, ao menos nos parâmetros dos dias atuais, é aquele que consegue esta proeza cada vez mais difícil. É aquele que aguça a sua perspicácia e se torna sensível para imaginar o que o grande público está predisposto a assistir durante meses.

Logo, os profissionais que oferecem verdadeiras condições de fazer com que a Record se torne uma concorrente verdadeiramente oponente para a emissora líder, são justamente os autores de novelas. Uma novela de sucesso faz com que sua boa audiência se reflita para outros “programas da casa”. Um fenômeno curioso, mas que é verdadeiramente real, vide a atual versão de “Carrossel”, que tem ajudado a tirar o SBT do sufoco. Inclusive, interferindo na média da audiência do dia da emissora do Seu Silvio.

Então aqui cabe uma pergunta: O que fizeram os autores da Record desde 2004, que ainda não a catapultaram ao posto de emissora líder?

Pois eles estavam preparando o terreno e começando a chamar a atenção do público, porque este é justamente o trabalho da comissão de frente: chamar a atenção para si a fim de demonstrar o que vem em seguida. Nesta condição vieram a escrava, os mutantes, novela no morro, no pantanal, novela sobre a máfia... Todas com grade êxito, dentro da realidade da Record. Em contrapartida também vieram produções que não alcançaram boa repercussão, mas foram importantes porque eventualmente apontaram o caminho a não ser seguido.

Em outras palavras, coube a eles começar a atrair espectadores para a emissora e a fazer com que fosse dado início a criação do hábito em torno das suas produções e bem sabemos que hábito é algo que não se cria da noite para o dia, pelo contrário, requer tempo. Um tempo que se confronta com o gosto pelo imediatismo dos excutivos de TV e esperemos que estes sejam pacientes nesse sentido.

Mas novos horizontes devem ser abertos, inclusive no sentido de se procurar produzir a história que seja o “Roque Santeiro” ou o “Pantanal” da Record e demonstre de forma insofismável que alcançar a líder, apesar de ser uma tarefa muito difícil, não é impossível.

Acredito eu, que com o passar do tempo, as cobranças em torno de maiores resultados poderão ocorrer, se é que já não estejam ocorrendo. Mas o que fazer? Onde está a novela prometida?

Gostaria de ter esta resposta, mas os profissionais que eventualmente possam escrevê-la podem estar dentro ou fora da emissora e digo mais: Podem nunca ter escrito uma novela. E isso é possível? É. Pois que todos os grandes autores, principalmente os da primeira geração, começaram praticamente sem uma experiência televisiva anterior.

Na atualidade, o exemplo maior vem de dentro da própria Record, pois sua autora Gisele Joras, após vencer um concurso, foi incumbida de escrever “Amor e Intrigas”, na minha opinião a novela mais redondinha da emissora, até a presente data.

É bom que as perspectivas da Record não se limitem a tentar tirar autores da Globo, o que vai ser uma tarefa cada vez mais difícil, porque, com as constantes perdas - atualmente a do grande Carlos Lombardi -, a emissora do plim-plim vai se blindar de todas as formas possíveis, inclusive oferecendo o céu (e o inferno) para segurar seus profissionais.

Então, as possibilidades estão por todos os lados, também por conta dos que estão fora, inclusive entre quem ainda não teve a oportunidade de escrever uma trama televisiva. Apesar de que, como já disse um renomado autor, um eventual grande novelista seja tão raro quanto um diamante azul. Eu posso dizer que não podemos duvidar da sua existência. Eles só estão escondidos, bem reluzentes, esperando a sua descoberta. Record, é bom se abrir para novas prospecções...

 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

BRINCANDO DE SER O PITANGUY (DAS LETRAS)


Como lhes disse na postagem anterior, tenho retirado da gaveta alguns trabalhos, porque sair da gaveta é o primeiro grande passo para pessoas que estão na minha condição: A de levar a sério, o até então hobby da escrita, para tentar compartilhar de forma profissional “os meus deliciosos devaneios”.

Inicialmente, permitam que eu me explique: O “levar a sério” não implica dizer que nunca tenha tratado a escrita estando comprometimento com o resultado final do que pretendia criar. Só que eu criava tão somente para mim, sem qualquer preocupação em compartilhar com terceiros, muito menos em me tornar um escritor ou roteirista profissional.

De qualquer modo, agora estou constatando a existência de um “fenômeno” que dizem acometer os escritores em sua relação com as próprias criações. Esse fenômeno é o decorrente do “distanciamento da obra”, ocasionado principalmente em função da passagem do tempo.

Certamente vocês já ouviram aquele bom e velho brocado de que “O tempo é o senhor da razão”. E não é que para o caso em tela esse ditado popular cai como uma luva? Agora eu posso testemunhar a favor dos criadores que sempre afirmaram isso, porque atualmente, é exatamente o que estou vivenciando junto as minhas obras outrora engavetadas.

Rascunhos de roteiros de filmes, de livros, de peças de teatro, são como se não fossem totalmente meus. Obviamente reconheço minha intelectualidade neles (para o bem ou mal); mas essa percepção aparece desprovida do “amor” oriundo do envolvimento latente e imediato com a obra.

Como todos sabem, o amor é fogo que arde sem.... Puts, decalcar “aquele outro” agora é foda! O fato é que o amor criativo, por mais fugaz que seja; vai se enfraquecendo na medida em que o tempo vai passando. Poxa, até aqui, o amor é efêmero!

Em contrapartida, estou sendo acometido pelo senso crítico de uma forma ainda mais acentuada e os efeitos disso são bastante curiosos, pois, determinadas obras, que à época da sua criação, eu achava muito boas, agora percebo ser melhor que continuem a ficar no canto mais inalcançável da minha gaveta. Por outro lado, descubro coisas bem bacanas que chego a me questionar se fui eu mesmo que as escrevi. E me desculpem a babação, mas todo pai também tem o direito de lamber a sua cria. Por que só as mães?

É exatamente em torno das coisas que acho bacanas que estou me debruçando e fazendo os retoques que entendo necessários. Afinal, eu sou o tipo de criador que normalmente cria “em cima” do que imediatamente capto por aí: Um fato, uma notícia, uma pessoa, uma experiência própria ou alheia... Dessa forma, a contemporaneidade entre a percepção do objeto inspirador e o desenvolvimento da idéia, acaba sendo uma característica recorrente em minhas obras. Isso acaba por influenciar a forma com a qual desenvolvo a minha narrativa. E a forma de materializar a ideia, quando as escrevi há muito tempo atrás, pode não funcionar na atualidade.

Tirando daqui, colocando ali, modificando por acolá; eu vou realizando uma verdadeira maratona de adaptação no intuito de torná-las mais interessantes aos olhos dos meus atuais anseios.

É um trabalho que tento fazer de forma minuciosa e sem alterar a verdadeira essência das criações. Dá um trabalho danado, mas com as cautelas indispensáveis, espero que consiga torná-las joviais sem fazer parecer que usaram botox. Afinal, o amor acaba, mas o respeito sempre deve permanecer. Não é o que também diz a sabedoria popular?

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domingo, 30 de setembro de 2012

VAMOS SAIR DA GAVETA?


            Sempre tenho visto, de uma forma recorrente, em alguns grupos de discussão destinados a escritores, roteiristas e afins, alguém perguntar como fazer para se tornar um escritor, lançar um livro ou até mesmo se tornar um autor de novela da Globo. Em todos os casos, a condição de iniciante do eventual profissional se torna explícita e em casos extremos, como o da última questão, a ingenuidade é latente.

De antemão já digo que, em casos desse tipo, a ingenuidade não é um pecado, ainda mais se o pretenso profissional não foi criado ou não vive no meio artístico para se inteirar com a dinâmica de absorção de novos profissionais pelo mercado literário ou audiovisual. E nesses casos a ausência de referência é um grande entrave. Até porque, para o bem ou mal, ser parente ou amigo de alguém “do meio” pode ser um fator determinante para o ingresso em um “mundinho tão fechado”.

Esse texto é exatamente uma pequena contribuição para os pretensos profissionais que têm, ou acham que têm talento com a escrita, mas não conseguem ou não sabem o que fazer para se tornarem profissionais. E já digo que para alcançar este intento, não há fórmulas prontas ou caminhos coloridos que desemboquem em um baú repleto de ouro. No entanto algumas atitudes podem fazer diferencial favorável se forem seguidas. De uma forma simples e direta, mas verdadeira as compartilharei com você. São elas:

 

1º Você deve ser muito criativo

A criatividade é uma característica congênita, ou seja, a pessoa já nasce com ela. Ela pode ser lapidada com a leitura de bons livros, assistindo bons filmes, boas peças de teatro e fazendo bons cursos. E nesses casos quando digo bons, não estou canalizando a questão para gêneros. Tenha acesso a tudo: Drama, comédia, terror, tudo... Quanto aos cursos. Saiba que não existe algum que possa torná-lo criativo. Corra dos que prometem isso. É mentira, puro caça níquel. A criatividade pode ser lapidada. Os cursos podem ajudá-lo a se tornar MAIS criativo. Nunca torná-lo criativo. Essa é a mais pura verdade.

Como se não bastasse, a criatividade deve estar voltada para a escrita, que é o início de tudo. Algumas pessoas são muito criativas, mas a sua criatividade está relacionada com outros campos de atuação. Se você não é criativo e não tem aptidão para a escrita. Dificilmente será um escritor, dramaturgo ou roteirista.

 

2º Seja um bom observador;

Se você perguntar a um escritor profissional o que é necessário para ser um bom profissional, seguramente ele te responderá: Leia muito e leia bons livros. Ele está corretíssimo, mas antes disso você deve ser um bom observador. É com a observação que você despertará a sua inspiração. Aprenda a observar. Observe as pessoas, as notícias, os fatos e acontecimentos. Tudo é motivo para se inspirar. Abra os seus campos sensoriais para o mundo e você verá que não haverá necessidade de se refugiar em uma casa de praia ou da colina em busca de inspiração, porque os elementos estão por toda a parte só esperando que você os note.

 

3º Goste de escrever;

O gosto pela escrita é algo que deve ser inerente a você. Algumas pessoas não têm paciência para escrever. Não conseguem se concentrar. Querem se tornar roteiristas ou escritores, tão somente por causa do glamur e o eventual assédio das pessoas. Ao se perguntar por que você quer ser escritor e o fator determinante for o glamor, festas e o dinheiro, definitivamente esta não é a sua área. Até porque, de modo geral, não há glamur em ser escritor. Mas se você só consegue ver isso como meta, esqueça! A escrita não é a sua área.

 

4º Domine o português;

Algumas pessoas têm uma facilidade em dominar o português, outras não. Se este for o seu caso, não tenha vergonha. Estude. Faça cursos. Um projeto com erros na escrita certamente vai “depor” contra você. Tenha sempre em mãos uma boa gramática e um bom dicionário. O português se aprende.

 

5º Goste de ler;

Leia. Leia muito. Livros, textos de peças de teatro, roteiros de filmes, jornais, revistas, bulas de remédio. Aqui também não se restrinja a gêneros. Leia obras dramáticas, juvenis, de terror, de ficção. Se abra para todos os gêneros e tente se preparar para ser um escritor ou roteirista “pau para toda obra”. Lembre-se que se você se tornar um profissional, poderá escrever aquilo que te encomendam. Não exatamente o que você quer escrever.

 

6º Goste muito de você;

Como assim? Poderás perguntar. Ocorre que a profissão de escritor é genuinamente uma profissão solitária. Logo, você tem que se resolver muito bem sozinho. Gostar de estar só e até tirar proveito da solidão. O que não estou dizendo para que você se feche ao trabalho em grupo. Pelo contrário, também terá que saber trabalhar em equipe. Mas o trabalho em equipe não é uma regra nesse meio.

 

7º Seja verossímil;

Ser um bom escritor ou roteirista não significa escrever a La Ruy Barbosa, ou seja, escrever rebuscado e difícil. Pelo contrário, um livro ou um filme, via de regra, são obras de cultura de massa, ao menos que o público alvo seja específico (uma classe ou categoria profissional, por exemplo). Escrever de forma simples e direta é uma obrigação. Alguém já disse que escrever difícil é fácil, o difícil é escrever fácil (ou foi mais ou menos assim). E essa é uma grande verdade. Você pode escrever de uma forma muito difícil, que só você compreenda, mas tornar a sua obra altamente compreensível sem subestimar a inteligência do público é uma grande arte.

Em tempo; a construção de boa narrativa ou bons diálogos devem estar em consonância com a realidade e o tema com os quais você esteja retratando, o que não significa necessariamente o uso de palavras difíceis ou pouco usuais.

 

8º Controle a ansiedade;

Nunca envie o seu projeto sem ler e revisar diversas vezes. A cada nova leitura você vai notando que pode melhorar e até encontrar erros de português ou de digitação, o que pode comprometer a aceitação do seu projeto. E cuidado com os corretores de texto. Eles são sistemáticos e erram muito.

Saiba que muitos produtores são maleáveis com o português, outros não. Aliás, têm alguns que se prendem a escrita e não a idéia ou a narrativa. Acreditam eles que são professores de português.

 

9º Saia da gaveta;

Muita gente tem talento, mas é acometido por preguiça, receio ou comodismo de tornar públicas as suas obras. Tire-as da gaveta. Saia da zona de conforto. Dê a cara para baterem. Efetue o registro na Biblioteca Nacional. Espere receber o certificado de registro e depois mostre ao “mundo e ao fundo”. Mostre aos seus amigos, parentes e aderentes. Mas nunca confie plenamente na opinião dessas pessoas. Tenha bom senso. Amigos e parentes não querem magoá-lo e se o que você escreveu for muito ruim, eles poderão não revelar isso ou não dirão nas palavras que você deveria ouvir. Nunca pergunte o que a pessoa achou. Pergunte o que você acha que deveria mudar ou melhorar.

 

10º Trace metas;

Muitas pessoas são brilhantes. Mas tem tantas ideias e projetos que querem fazer tudo ao mesmo tempo. Acabam atropeladas pelos próprios projetos, desistem de prosseguir na empreitada e acabam por nunca concluírem coisa alguma.

Trace metas demarcadas por tempo. Anote esquematicamente o que você vai escrever ou apresentar. Esboce fases para cada projeto. Primeiro o que você vai escrever. Depois para quem vai enviar e assim por diante. Só passe para um novo projeto quando você esgotar todas as fases do anterior. É melhor ter poucos projetos concluídos e enviados para as pessoas certas do que ter muitos sem que sejam concluídos, o que equivalem ao nada absoluto.

11º Torne-se público;

Torne seu nome conhecido (de uma forma digna, claro!). Essa é a parte mais fácil de todas. Crie um blog, um site, faça parte das redes sociais. Escreva sobre suas experiências, sobre o que você está fazendo. “Venda a sua imagem” ou melhor o seu nome. Quando montar a sua página saiba que estará a mercê de todo tipo de gente. É um preço que se tem a pagar. Se agredido gratuitamente, não brigue calorosamente. Evite baixaria. Nunca retruque com palavrões. Saiba que você está sendo visto. Mas também tente tirar proveito da agressão. Interaja com o agressor de uma forma sarcástica, irônica e debochada. Os pequenos arranca-rabos também tornam o seu perfil movimentado. Em caso de agressão extrema ou calúnia grave, saiba que o eventual caminho será a Polícia mesmo. E isso serve para você e para os outros. Portanto, cautela com as palavras.  

 

12º Conheça pessoas;

Siga e tente ser amigo virtual de produtores, diretores, escritores, dramaturgos e roteiristas renomados. Tente interagir com eles. Mas respeite as particularidades de cada um. Nunca puxe assunto sobre a vida pessoal deles. Se estiverem envolvidos em polêmica de ordem pessoal. Se finja de morto, a não ser que a própria pessoa dê margem para isso, ao fazer algum comentário na própria rede social. Nesse caso, dê o seu apoio moral singelamente. Sempre esteja atento ao que eles fazem no campo profissional e se eles merecerem, elogie. Não se constranja em elogiar. Só não seja puxa saco. Isso soa falso. Eles irão perceber e você não vai ser respeitado. Só vai ser visto com um mero seguidor.

 

13º Seja o alvo e não a flecha;

Se quiser ser escritor, dramaturgo ou roteirista. Saiba que você será o alvo e não a flecha. Não publique notícias das celebridades ou de fofocas, também não seja um crítico. Evite emitir opinião sobre as obras alheais em seu site. Ainda que o que você pense seja a mais pura verdade. Saiba que neste meio os egos são muito inflados e o que você escreve desfavorável a alguém pode se voltar contra você em um futuro próximo.

Enfim tente ser criador e não crítico do criador. Esteja do “lado de cá” e “não do de lá”.

 

14º Vai atrás das oportunidades.

Depois de seguir todos estes passos, vai a busca das oportunidades. Afinal, de nada adianta você estudar, se aperfeiçoar, ser um criador brilhante, se não encontrar quem se predisponha a ver o que você escreveu. Para o pretenso escritor, existem inúmeras editoras que têm departamentos especializados em receberem e analisarem originais. Naquele famoso site de busca, pesquise as editoras que estão recebendo originais. Leia com atenção a política de recebimento. Ou se preferir vai até uma livraria e nos diversos livros que lá estarão, atentem através dos selos impressos, anotando o maior número de editoras que você puder. Depois entrem no site de cada uma e veja se elas recebem originais. Veja o catálogo de obras já lançadas e compare se a sua obra está dentro do perfil da editora. De nada adianta enviar uma obra de ficção se ela só publica livro de auto-ajuda, por exemplo.

Em relação a roteiro de filmes, vão no site da associação brasileira dos produtores independes. Entre no site de cada uma da produtoras e façam o mesmo do que foi descrito no parágrafo anterior.

Quanto a TV a coisa é mais complicada. A TV Globo NUNCA vai analisar sua sinopse. É recomendação do departamento jurídico mesmo. Os autores, diretores ou produtores não podem analisar originais de quem não é da própria emissora. Faça o que eu disse até aqui e espere a Globo vir atrás de você. É ela quem recruta roteiristas. Não é você quem vai recrutar a emissora.

Quanto as outras emissoras eu não sei. Mas acredite, se você não for conhecido, sua sinopse não vai ser analisada sob hipótese alguma. Se você já estiver seguro pode tentar as emissoras de TV estrangeiras. Vejam as do Chile, Colômbia, Portugal e de Angola.

Bem, essas são algumas dicas que este que vos escreve tem para compartilhar com você. Depois de muito pesquisar e entender como funciona o mundo da escrita cheguei, por conta própria, a tais caminhos. Estou seguindo tudo isto a risca. É muito difícil e confesso que já pensei em desistir, mas é bem melhor que se submeter ao “teste do sofá”. Se é que ele existe nesse meio.

Enfim, saia você também da gaveta. Numa época em que até “sair do armário” já não é algo tão custoso. Não é uma mera gaveta que vai ser um entrave na busca dos nossos sonhos, não é mesmo? E sucesso para todos nós.




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segunda-feira, 23 de julho de 2012

O PROBLEMA DO CINEMA NO BRASIL É O ROTEIRO?

Você já deve ter ouvido falar que o problema do cinema brasileiro é o roteiro. Há meia verdade nessa questão, assim como obviamente, meia mentira. Isso porque é necessário avaliar o que se passa na linha de produção dos filmes e o que de fato acontece com os seus roteiros até que alcancem o seu resultado final.
Da forma que está, o roteirista é o profissional mais inglório de toda essa linha de produção, porque quando entrega o seu roteiro escrito aos diretores ou produtores, perdem por completo a sua relação com “seu filho” e os outros decidem criá-lo da forma que bem entendem.
Eu explico, é que no Brasil praticamente não há a figura do “roteiro autoral”, ou seja, do roteiro que traga em si a completa intelectualidade do roteirista, já que alguns diretores ou produtores, quase sempre, decidem mexer no que está ali escrito. Um absurdo!
O tratamento dispensado ao roteiro é o equivalente ao dado a uma mulher de “beira de estrada”. Quem pagou se acha no direito de ir metendo a mão onde bem entender.
É grande o número de roteiristas que se desapontam com essa realidade, mas é fato também que essa relação nem sempre é um “mar de rosas” e de vez em quando ocorre uma rusga aqui ou ali.
Então se a questão é vista com este “pequeno detalhe”, o problema do cinema brasileiro não é o roteiro, mas o tratamento que é dado na forma de se utilizar um roteiro já escrito. Porque quando alguém que não tem o conhecimento técnico específico para a sua escrita, se aventura a reescrevê-lo, as consequências podem ser catastróficas e teve até caso de roteirista que pediu para que seu nome fosse retirado dos créditos do filme, por conta do resultado desastroso do roteiro definitivo.
Então a coisa fica da seguinte forma: se o roteiro é bom e o filme faz sucesso, o crédito vai para o diretor, mas se o filme fracassa por um roteiro ruim, o primeiro a “tomar no toba” é o roteirista.
Portanto, antes de falar mal dos roteiros dos filmes nacionais, dizendo que eles são ruins ou que lhe faltam ousadia e criatividade (o que na maioria das vezes é verdade), saiba que existe todo um processo onde muitas mãos se enfiam onde não deveriam.

domingo, 8 de julho de 2012

O MERCADO DOS QUADRINHOS NO BRASIL

Eu escrevo desde muito pequeno e embora tenha ficado muitos anos a ser um “escritor de gaveta”, nunca me distanciei dessa minha, digamos... habilidade, ou seria missão? Pois bem, a lembrança mais remota que tenho comigo, é a de muito pirralho estar sentado desenhando garranchos e escrevendo diálogos dentro de balões; ou seja, se não estou sendo traído pela memória, os quadrinhos foram a minha primeira incursão no mundo da escrita.

Ainda pré-adolescente, me lembro da coleção de revistinhas que tive. Muitas da Disney e algumas de super-heróis. Os quadrinhos sempre me acompanharam e sua leitura foi uma grande paixão, mas por uma dessas ironias da vida, perdi o interesse por esse tipo de arte.

Mas como o que está na nossa essência nunca é dissociado de forma absoluta da nossa pessoa, eis que, nos últimos tempos, minha atenção para esse nicho voltou de forma descomunal e estive a vasculhar o mercado editorial atrás do que tem sido lançado e produzido no nosso país e fiquei surpreso com o que vi.

A quantidade de quadrinistas talentosos que estão a produzir bom conteúdo é algo estarrecedor. Sem qualquer sombra de dúvida, o Brasil é um dos países com a melhor qualidade de profissionais dessa seara criativa e algumas transformações mercadológicas têm contribuído para isso.

Em primeiro lugar, a internet tem ajudado na divulgação dos trabalhos, aglutinando um público específico voraz em consumir quadrinhos, gibis, HQ´s e Comics (seria tudo a mesma coisa?). Em segundo lugar, tem havido uma comunhão de esforços e ideias entre quadrinistas e escritores para o lançamento de novos projetos.

Foi essa segunda parte que me chamou a atenção, pois no ano de 2011, as parcerias de profissionais que antes estavam em segmentos distintos, vieram a se consolidar de uma forma mais intensa. O que não é de se estranhar, já que todos são criadores cujas habilidades se completam de uma forma extraordinariamente simbiótica.

O número de títulos lançados também cresceu consideravelmente e a expectativa é de que haja seu aumento, já que está em trâmite um projeto de Lei que prevê uma cota mínima de 20 % de títulos nacionais a serem mantidos pelas editoras que editam quadrinhos.

Eu sempre tenho, cá comigo, minhas ressalvas com toda e qualquer forma obrigatória de cotas, mas ao contrário de umas e outras, esta até que é bem intencionada. Os seus efeitos, só o tempo nos dirá.

Mas como já disse, o número de quadrinhos ou projetos a serem lançados é considerável e entre os de extraordinária qualidade está o “Comando V” (leia-se: Comando 5).

Não, o “Comando V” não é fruto de uma grande editora americana. Ele é produto de quadrinistas brazucas. Mas brazucas das unhas do pé, até o último fio de cabelo e por essa única ilustração, vemos que a turma envolvida nesse projeto não vai deixar nada a dever em relação a qualidade artística dos gringos.

O HQ conta a história de um grupo de heróis que unem forças na luta contra os grandes problemas da nossa realidade, mas com uma inimiga adicional: a corrupção. Talvez esta seja a maior “força do mal” já enfrentada por qualquer herói, não é mesmo?

Sua criação e os desenhos são de Allan Goldman, que já desenhou Superman, Titãs e muitos outros pela editora DC Comics. Isso mesmo DC COMICS! Os roteiros são de JJ Marreiro.

Se depender dos nomes envolvidos, aposto que “Comando V” será sucesso garantido. O que poderemos conferir muito brevemente.

 Fiquem atentos para quando a revista chegar às bancas. Sei não... Mas acho que minha antiga paixão vai ressurgir e aqui com uma vantagem: vou ter o prazer, de ao menos na ficção, ver a corrupção ser duramente combatida.

PS: Estou enfrentando problemas técnicos para inserir as ilustrações do "Comado V" na postagem. Vou ficar devendo essa para vocês até que consiga solucionar este entrave.

Onde estou: @TonnyCruzBR

quarta-feira, 16 de maio de 2012

PUBLICO OU NÃO PUBLICO: QUE DÚVIDA !

A postagem anterior em que eu dividi uma experiência com vocês, envolvendo uma produtora portuguesa deixou o pessoal bastante eufórico. Lá eu afirmei que se houvesse solicitação iria publicar aqui no blog a sinopse de novela que enviei para Portugal.
Mas confesso que ainda não estou estimulado para publicá-la. Apesar do projeto ter sido registrado há alguns anos, não gosto muito de publicar meus trabalhos na web e não me chamem de “arregão”, porque sabemos que a net não é lugar para inocentes.
Em contrapartida, vejo que a visitação daqui é composta por pessoas da melhor espécie, as quais quero chamá-las de colegas ou companheiros, mas por favor, sem alusão política, caso contrário perco a audiência do pessoal que admira o pássaro tucano.
Por falar em audiência, apesar da visitação do blog ter dado um boom extraordinário de ontem para hoje, até a escrita desta nova postagem, só duas pessoas solicitaram a publicação da referida sinopse. Um descompasso descomunal com o número de visitantes. Ainda sobre a audiência, podem comparecer aqui todos os dias, porque, via de regra, as postagens são sempre diárias. Também fiquem a vontade para comentá-las
Sei que muitos ficam receosos em fazer comentários, achando que terão que fazer algum cadastro ou link. Já não há mais essa obrigatoriedade. Podem comentar como anônimos, vou gostar do mesmo jeito. Desde que não me xinguem, porque vou dar o troco.
Só tem uma coisa que eu não gosto: é quando enviam mensagens direto para o meu e-mail lá do canto do blog. Vamos deixá-lo para contatos profissionais?
Enfim, estou numa situação de certa indecisão. Devo publicar a sinopse ou não? Me ajudem!

terça-feira, 15 de maio de 2012

PRODUTORES DE FORA (QUASE) SEMPRE ESTÃO ABERTOS A ROTEIRISTAS BRASILEIROS

Era 2006 ou 2007 e estava totalmente enfadado com a dinâmica estabelecida entre emissoras de TV e novos profissionais, entre eles roteiristas. Me refiro as dificuldades de quem não tem “Quem Indique”, ou conhecimento para tentar, ao menos um contato, com alguém de certa influência dentro desse nicho do audiovisual.
Até que comecei a voltar a minha atenção para o mercado internacional. Este, surpreendentemente mais aberto aos roteiristas estrangeiros. O grande foco foi Portugal, principalmente pelo fato da identidade idiomática. Embora, posteriormente, eu tenha descoberto que aquele país, que possui o povo mais perfeito do mundo (um dia eu direi o porquê), na verdade tem uma produção de teledramaturgia quase tão intensa quanto a do Brasil.
Só que lá a dinâmica é diferente, porque são as produtoras independentes que fornecem conteúdo “roteirístico” para as TV´s e tem até emissora que criou produtora especificamente para este fim.
Na época uma que tinha acabado de ser criada era a Scriptmakers, que apesar do nome, era genuinamente lusa e encabeçada por Rui Vilhena, um guionista (é assim que um roteirista é chamado lá na “terrinha”) icônico na TV portuguesa, que posteriormente veio a ser contratado pela TV Globo, onde colaborou com Aguinaldo Silva em Fina Estampa.
Pois bem, eu, entre tantas histórias já criadas, resolvi enviar “assim do nada”, uma sinopse de telenovela para a produtora recém criada. Mas antes tratei de enviar um e-mail para lá “assuntando” se eles estariam dispostos a receberem projetos de outros guionistas.
No dia seguinte recebi um e-mail muito cordial afirmando que eu poderia enviar o projeto. Logo, eu tratei de enviar uma sinopse de telenovela de minha autoria chamada Laços de Vida. Mas confesso que o fiz assim meio receoso, já que estou acostumado com a sistemática atroz aqui do Brasil.
Isto porque, para quem não sabe, se um roteirista desconhecido mas talentoso, que não adule alguém poderoso, enviar uma sinopse para a TV Globo, a receberá de volta sem ao menos ter sido aberta. Eu até compreendo a atitude da emissora, já que em tempos de indústria do plágio, quem tem “orifício teme pelo que possam querer introduzi-lo”.
Quanto a Record ou SBT não sei o que acontece, mas o destino do projeto certamente seja a lata do lixo ou o seu descanso eterno em uma prateleira, cuja única companhia vai ser a poeira.
Mas voltando ao assunto Portugal. Um certo dia eu abri meu e-mail e vi que tinha recebido uma mensagem de alguém da produtora afirmando que meu projeto tinha sido analisado, que a história era muito boa e muito bem estruturada, mas ela era muito ousada para os padrões portugueses. Isso se deu a seis meses depois do envio do projeto.
De imediato percebi que a produtora, ao menos era de verdade, aberta aos novos roteiristas; o que aqui em regra não acontece, razão pela qual me empolguei. Neste caso vocês podem questionar, qual a razão da minha empolgação, já que tive o projeto gongado.
Pois bem. Na verdade o projeto não foi renegado, como já dito, ele apenas era ousado para os padrões portugueses e hoje acredito que até para os padrões brasileiros, por conta dessa mexicanização que aqui tem imperado e pela graciosidade excessiva que se tem feito para com a classe “C”, que tem levado toda a culpa pela desqualificação do que aqui está sendo feito.
Mas a melhor parte da mensagem viria em seguida, porque logo queriam o meu CV e também queriam saber quais eram as minhas intenções junto a produtora. Aí eu fui traçar um estratégia para impressionar os produtores, já que entendi que aquela era uma oportunidade única. Então pensei: Junto ao meu CV vou enviar uma sinopse feita especialmente para o público português!
E lá fui eu a gastar algumas semanas pesquisando na internet tudo o que tinha sido produzido por lá nos últimos anos e fiquei impressionado com a quantidade de novelas já realizadas. Só depois e agora rapidamente, criei três sinopses.
Tudo pronto para enviar o material e pimba! Fui surpreendido com a triste notícia dando conta do encerramento das atividades da produtora. Fiquei a ver navios.
O meu erro é que perdi muito tempo a pesquisar a história da televisão portuguesa, um verdadeiro contra-tempo que hoje vejo desnecessário. Mas levando em consideração o fato do conteúdo da mensagem, que tenho até hoje salva no meu e-mail, eu devo considerar como um grande afago pra mim, porque vi que ela foi extremamente sincera dada a requisição pelo meu CV e a respeito das minhas intenções com a produtora. Que emissora de TV daqui faz algo nesse sentido?
Estou a contar isso aqui, porque sei que muitos que lêem este blog são roteiristas ou pretensos e que muitos ostentam a possibilidade de trabalharem na TV, especialmente na escrita de novelas. Quero aqui demonstrar que isso pode ser possível, mas começar a firmar o nome por uma emissora internacional pode ser um caminho curiosamente mais seguro. Que tal?
Mas antes que alguém pergunte, que raios teria de tão ousado na tal sinopse enviada. Eu respondo que em breve poderei publicá-la aqui, tão somente como forma de matar eventual curiosidade, bem como servir de parâmetro para o que deve (ou não) ser feito em um projeto a ser enviado para o exterior. Mas confesso que só o farei se houver solicitação por parte de vocês, caso contrário não vou perder meu tempo expondo um trabalho de forma desnecessária. Não estou certo?
@TonnyCruzBR         

sexta-feira, 11 de maio de 2012

ATENÇÃO ROTEIRISTAS, ISSO TAMBÉM SERVE PARA VOCÊS: PESSOAS JURÍCAS FORJADAS PODEM MASCARAR RELAÇÃO DE EMPREGO

Creio que vocês já devem ter acompanhado notícias de empresas envolvidas em imbróglios relacionados com os famosos PJ´s ou pessoas jurídicas. O fato é que entre verdades e mentiras, os PJ´s quase sempre estão no foco da mídia por razões controvertidas.
De longa data, esses profissionais têm despertado a atenção das autoridades que lidam com questões trabalhistas, no sentido de se tentar coibir uma prática comum, mas muitas vezes de difícil constatação: a criação de uma pessoa jurídica simulada, no intuito de encobrir uma relação de emprego.
Agora eu peço licença aos estudiosos do direito, porque quero ilustrar uma situação que envolve discussão jurídica, a qual pretendo continuar a usar a minha linguagem informal, que é a marca deste espaço. Desde já lhes digo que não quero transformar esta postagem num artigo jurídico, mas tão somente em algo esclarecedor que possa levá-los a uma certa reflexão, sem que tenha que me apoiar em um exemplo específico.
Pois bem, as pessoas jurídicas são empresas representadas por pessoas físicas que prestam serviços para uma contratadora dos seus préstimos. Nela há uma relação contratual cujo objeto é a mera prestação de serviços, onde uma presta o serviço contratado e em contrapartida recebe o montante que lhe cabe, sem que desta relação surjam efeitos na seara trabalhista. De uma forma simplória é mais ou menos assim.
Já a relação de emprego é uma relação jurídica mais complexa, que se configurada, traz para ambas as partes; empregador e empregado uma série de direitos e obrigações tuteladas pela Constituição Federal e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
No entanto, para ser configurada uma relação de emprego é necessário que estejam presentes quatro requisitos, que indissociáveis, fazem existir uma relação jurídica complexa, com todas as suas consequências, mesmo que não tenha sido assinado um contrato neste sentido.
Os requisitos são: 
A pessoalidade: o próprio empregado presta o serviço em seu nome e diretamente ao empregador. Por isso pessoa jurídica, a princípio não pode ser empregado.
Onerosidade: o trabalho prestado deve ter como contraprestação uma remuneração, o salário. Serviços gratuitos, como o voluntariado, não são empregos.
Subordinação: o empregado está subordinado ao empregador. Ele presta os serviços sob as suas orientações, sem igualdade hierárquica.
Não eventualidade: o trabalho deve ser habitual. Serviços prestados esporadicamente não podem ser considerados como requisitos para reconhecimento de relação de emprego.
Mais uma vez deixo claro que, para que seja configurada uma relação de emprego, é necessária a existência concomitante destes requisitos, na falta de um, já não é possível existir a relação jurídica empregatícia.
No entanto, o que ocorre, é que por vezes profissionais prestam seus serviços com a existência desses quatro requisitos, mas nos termos do contrato, estão configurados como pessoa jurídica, gerando uma fraude na legislação trabalhista. E o pior é que muitas vezes uma relação de emprego já está assim pactuada desde o início, mas na prática se faz um contrato de prestação de serviço mediante um PJ.
A razão da fraude reside no fato de que, ao trabalhar como PJ, o empregado não tem para si o recolhimento de todos os encargos e tributos a nível previdenciário e fundiário (do FGTS), como também, ao fim do término do contrato, não tem direito a receber todas as verbas trabalhistas decorrentes da relação empregatícia.
Mas nem tudo está perdido, pois se o PJ trabalha como se empregado fosse, ao fim do contrato com a tomadora dos seus serviços, ele pode ajuizar uma reclamação trabalhista junto a Justiça do Trabalho, para expor os fatos e pleitear a anulação do contrato como PJ, pedindo o reconhecimento e a declaração da relação de emprego. Desse modo o empregador vai ter que pagar, ainda que retroativamente, todas as verbas que o empregado tem direito se este vier a lograr êxito no litígio.
Essa regra vale para todo e qualquer profissional, de qualquer área ou função. Inclusive os roteiristas, mesmo que eles prestem seus serviços em casa. Pois a nossa legislação trabalhista permite que o empregado trabalhe fora das dependências da empresa empregadora.
Mas atenção! A ação só deve ser ajuizada dentro de um período de dois anos contados do fim do contrato de prestação dos serviços, sob pena de prescrição que a é a perda do direito de ajuizar a reclamação trabalhista.
Se você trabalha ou conhece alguém que trabalha como PJ esteja atento para não ter seus direitos sabotados. Mas antes que vocês terminem de ler esta simplória postagem e pulem da cadeira feito um canguru pirilampo no intuito de “botarem a sua empresa no pau”; lembro mais uma vez, que é necessária a existência concomitante dos quatro requisitos anteriormente demonstrados.
Aconselho até consultar um advogado, que vai lhe perguntar todos os detalhes necessários para que seus direitos possam ser assegurados e devo lhes garantir que no ramo jurídico o diabo reside mesmo é nos detalhes.
Não sei se fui claro, mas a minha intenção foi tão somente alertar para evitar que vocês também caiam numa eventual fraude e se caírem, já saibam como procederem.

Qualquer dúvida me sigam lá no twitter:  @TonnyCruzBR