terça-feira, 28 de abril de 2015

PORQUE O ABRAÇO ERA A ÚNICA COISA FALSA NO PROGRAMA

Eu tenho memória musical e sempre marquei as várias épocas da minha vida de acordo com as músicas que vão fazendo sucesso. Na verdade, melhor dizendo, é o inverso: as músicas é que vão marcando a minha vida. Mas houve um momento que ritmos e acordes cederam espaço para outra arte e esta arte teve nome: o programa “Provocações” da TV Cultura. 

Eu era um reles estudante de teatro e juntamente com todos os colegas, sonhávamos em, algum dia, termos o nosso nome conhecido nos palcos. Bem, isso nunca aconteceu, mas aí é outra história. Até porque, chutei o balde e .... Digamos, tomei um outro rumo. E por que Provocações marcou a minha vida? Bem, não é todo dia que vemos um “maluco” fazer um talk show recitando trechos de livros clássicos, poemas e peças de teatro. 

O programa causou um rebuliço no nosso meio teatral e praticamente era a nossa “Malhação”, eis que sempre estávamos falando sobre o que tínhamos visto no programa da noite anterior.  Sim, o velho Abujanra foi o nosso ídolo! Bem me lembro em uma ocasião, tarde a noite, quando liguei para um amigo extasiado pedindo que ele sintonizasse na TV Cultura. 

A atração era uma leitura de uma versão de Fausto em que ele contracenava com Raul Cortês e Esther Góis. Show! Éramos felizes e vão a merda se vierem com o papo de que tudo não passa de mero saudosismo. Nem imaginávamos que Rafinha Bastos e Danilo Gentil estavam a caminho. 

O velho Abujanra ou Abu, um homem com cara e voz de ranzinza, mas mesmo sem o ter conhecido pessoalmente, aposto que era um bonachão inveterado. O sucesso nunca nos veio, mas quem liga pra isso? Ainda estamos na fase de não preferirmos uma morte confortável, assim como Abu nunca preferiu, embora tenha morrido como merecia: como um passarinho...

segunda-feira, 9 de junho de 2014

A CULPA É DAS ESTRELAS (E DOS FÃS)

O sucesso retumbante do livro de John Green aqui no Brasil serviu de termômetro para que pouca gente duvidasse que o filme homônimo levaria uma legião de fãs para as salas de cinema. Eis que, o longa metragem estreou em primeiro lugar por aqui, desbancando um mega sucesso da Disney e os mutantes super poderosos.
Não posso deixar de considerar como sendo um grande feito, ainda mais em um país onde os jovens carregam “a fama” de ler pouco e chutar muito. Um feito mais acentuado pelo fato de ser em época pré copa e todas as atenções estarem se voltando para o campeonato mundial.
Eu sempre digo que um livro é bom quando atinge o público alvo pretendido. E John Green tem sido muito feliz na sua tarefa, pois consegue chegar com maestria junto a um público que não é mais (ou nunca foi) fã de histórias fantasiosas, mas ainda não quer se debruçar sobre questões desenroladas sob a ótica adulta.
O sucesso de “A Culpa é das Estrelas” se dá pelo fato de despertar a identificação do seu público. O foco da trama é “gente de carne e osso”, que passa por uma situação potencialmente a ser vivenciada por qualquer mortal. E olha que não é fácil falar de vida terminal sem derrapar em tom lacrimejante. O livro foge deste estigma, ao balancear o otimismo e o pragmatismo sobre uma realidade nua e crua que anuncia que a morte será algo inevitável.
É como se os fãs das obras de Green mostrassem que não há tema que não possa ser explorado, por mais espinhoso que seja e o sucesso desse livro reside no fato de dar naturalidade e convencer um público que é tido por gastar de ser over, amar muito; odiar muito e não ver algo além do próprio sabor da juventude. Green lhes apresentou o efêmero. Eles aceitaram. Para o desespero dos que torcem o nariz para esse tipo de literatura e para tudo que faça sucesso.
Neste caminho, esses mesmos fãs me encorajaram a tirar o foco do audiovisual e mover um antigo projeto de vida: voltar-me para a escrita literária de entretenimento. Deixar de procrastinar e revisar um livro que fala de algo delicado, mas de uma forma simples e franca. A culpa é mesmo dos fãs de Green, que me motivaram a sair da zona de conforto. Espero que em breve, não só os seguidores desse escritor, mas todos vocês também digam que aceitam a minha proposta.
Agora o “chutar muito”, é claro, eu me referia a nossa tida habilidade nata quanto ao manejo com a bola de futebol. Embora quem não desenvolve o hábito da leitura, também tende a chutar muito, mas no vestibular. ;)

Até breve!


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quinta-feira, 27 de março de 2014

ROTEIRISTA INICIANTE, NÃO PERCA SEU TEMPO CRIANDO TRAMAS PARA O BRASIL (A NÃO SER, PARA A TV PAGA)

Pitboys, neonazismo, homem com câncer de mama e uma trama que se passava em um hospital. Isso sem falar na personagem principal, uma médica que se descobria soropositivo. Uma trama sensível, delicada, mas envolvente. Com tudo que uma boa novela das nove tem direito: drama, romance, comédia e uma pitada de suspense. Uma história que mesclava a linguagem do bom e velho folhetim com temas ousados e inovadores.
Apesar dos temas, a intenção era fazer um novelão, com “N” maiúsculo. Desses que o público tanto gosta.  “Laços de Vida”. A história foi criada entre o final de 2006 e 2007, ou seja, de lá para cá, muitos temas foram sendo colocados em novelas e tidos como inovadores, mas quando eu escrevi a sinopse, nem sonhava em vê-los em obras alheias. Bingo para quem conseguiu colocá-los no ar!
Acho que sou bom em tratar de temas novos (ao menos para novelas). O fato de recentemente ter tido uma novela que também se passava em um hospital e agora ter sido anunciado que uma novela da Record também irá tratar de neonazismo de forma idêntica à da minha sinopse, me fez concluir que história é para ser executada imediatamente, pois com o passar do tempo, vai se tornado obsoleta. Só falta tratarem do tema sobre homem com câncer de mama. Acho que vou publicar a sinopse dessa novela no meu blog. Eu já hesitei umas mil vezes, mas a inovação, que era o grande trunfo da trama, tem se esvaziado seguidamente.
Na época, enviei a sinopse para a Record e posteriormente para uma produtora de Portugal. A sinopse da Record deve ter tido o lixo como destino. Já a produtora de Portugal a elogiou e a achou bem estruturada e tal... Até chegaram a pedir o meu CV e iniciaram um certo diálogo, mas algum tempo depois, ela veio a encerrar as atividades.  
Outro país em que o profissionalismo no tocante a captação de novos projetos é real, independentemente de quem os escreve, é a Colômbia. Digo isso, porque lá o sol nasce para todos e não se admite a perpetuação dos mesmos autores em sistema de loteamento de horários. Autor de uma novela só, nem pensar! Por isso que a Colômbia tem se tornado um celeiro de novas tramas que ganham várias versões em todo o mundo.  Por lá, a grife é o produto em si e não o nome de quem o escreve. Quero trabalhar lá!
Como teste, desengavetei um projeto de uma trama que nem era para aquele país, e a enviei. Eis que dois meses depois, me responderam dizendo que era boa, mas não era o que estavam procurando (eu imaginava isso, porque em verdade, não era para o público colombiano). Mas o fato é que me responderam e era o que eu queria. Por que estou dizendo isso? Porque não mais, vou perder meu tempo pensando em criar tramas para o Brasil. Quanto ao tratamento que nos é conferido, ainda não vi a diferença entre lixo e roteirista iniciante. TV aberta – desisto!. Para o Brasil, só novelinhas e séries para a TV paga. Projetos já por aí... O entrave é o retorno, bom ou ruim demoram pra te responder. Isso quando te respondem. Mas assim que finalizar alguns outros; todos com destino certo e determinado, terei como foco, tão somente, o mercado externo. Lá fora não há enrolação. Tudo é objetivo e prático, ao menos comigo foi assim. E é pra lá que eu quero ir! Fica a dica.


sábado, 11 de janeiro de 2014

LIVRARIAS COBRAM PARA EXPOR LIVROS EM LUGARES PRIVILEGIADOS


 O assunto é antigo, portanto não é novidade, mas tem ganhado cada vez mais força a insatisfação por parte das editoras quanto a usura praticada por certas livrarias. É que algumas delas estão cobrando cada vez mais caro para colocarem livros em pontos mais expostos. Sim, aquele livro que você se depara assim que entra em certas livrarias não está ali por acaso.
Assim como em alguns supermercados, a prática da gôndola privilegiada também acomete o mundo literário. Para se ter o livro colocado em lugar de melhor visão (normalmente na frente da entrada principal), as editoras devem desembolsar uma boa quantia. Quantia essa que vem sendo inflacionada seguidamente e tem feito certas empresas rangerem os dentes. A insatisfação é tão grande que até gente graúda tem reclamado da situação.
Vejam a que ponto as coisas chegaram: Se até as editoras gigantes têm reclamado, imaginem os preços que estão sendo cobrados. Situação que tem feito até a turma que acredita que tal cobrança é mera lenda urbana ficar rubra de vergonha. Ou será que a cobrança, com tabela proporcional de preços pautadas pela altura das prateleiras ou centímetros ocupados é mesmo uma crendice popular?
Não sei, mas como sou chegado em teorias da conspiração, fico com a turma que acredita na veracidade do “mito” e só sei que livros em lugares privilegiados são sempre os que fazem parte dos catálogos das editoras grandes.
E que fique claro que não condeno esta prática. A mim pouco importa quem cobra e quem paga. Mas para não dizerem que estou completamente alheio a questão, procuro vasculhar bem as livrarias e tal qual um garimpeiro ávido por ficar rico subitamente, entro numa prática de verdadeira garimpagem.
Afinal, em meio a uma infinidade de livros, eu posso descobrir uma verdadeira pepita que estava ali, bem escondida em algum grotão antes imperceptível. Até porque, ampla exposição definitivamente não é sinônimo de qualidade.
E então, vamos garimpar?

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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

AS IDEIAS SAEM DAQUI Ó:

Algumas emissoras de TV´s internacionais estão sendo reconhecidas como grandes celeiros de ideias que acabam por ganhar o mundo em várias versões de suas telenovelas. O comum de todas: Sempre estão abertas a receberem sinopses de produtoras independentes ou até mesmo de roteiristas, ou melhor, Guionistas. O resultado: Histórias bem diferentes, sem que exista a questão do auto plágio, evitando-se as tramas escritas sempre pelos mesmos autores; textos com grande apelo comercial, sem que exista a necessidade de se popularizar ao extremo mediante diálogos imbecis ou infantilizados e linhas de história com linguagem universal, sem que seja necessário fazer uso da mexicanização. Se você acha que o mercado das telenovelas latinas se resume a Televisa, está por fora do atual mercado internacional.  Abaixo, a série TV´s que dialogam com novos roteiristas...


Da série TV´s que dialogam com novos roteiristas 1
RCN DA COLÔMBIA
Já virou tradição a RCN destinar, ao menos, um horário de telenovelas produzidas em parceria com as produtoras independentes da Colômbia.  Isso quando não abre pitching para receber roteiros de roteiristas.

Da série TV´s que dialogam com novos roteiristas 2
CARACOL TV
Atualmente tem um departamento específico para receber projetos.

Da série TV´s que dialogam com novos roteiristas 3
TVN DO CHILE
Costuma fazer pitching e até já teve uma plataforma on line para receber projetos. Na época fiz o teste: Me inscrevi na plataforma, funcionou direitinho, ou seja, recebia projetos de roteiristas de fora do Chile, mas não cheguei a enviar um projeto a tempo. Seus textos costumam ser comprados pela Telemundo e sempre ganham boas versões lá na terra do Tio San.

https://www.youtube.com/watch?v=8S8Ktnqsbh8

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sábado, 9 de novembro de 2013

PROGRAMA DE ROTEIRISTAS DA GLOBOSAT

Alguns desavisados ainda chamam o programa de roteiristas da GLOBOSAT de concurso. Não se trata de concurso, pois nenhum inscrito participa com a entrega de material. Não há com o que concorrer. Embora os critérios para a escolha daqueles que participarão do programa não sejam claros, ao menos, os roteiristas são poupados de se debruçarem a fazerem projetos, que ao fim, poderão não ser lidos ou não lidos com a devida cautela. O paradoxo disso tudo é que as regras acabam sendo claras: Se inscreve quem quiser. Escolha de currículo por escolha currículo, é bem melhor que não se estabeleça certas exigências que impliquem em perda de tempo por parte dos pobres participantes.

Ps.: E tem mais: Muita gente que foi escolhida para participar da edição nº 01 desse programa tem projetos bem melhores do que muitos projetos finalistas em certos “concursos”.

Ps. 2: E ao que parece a GLOBOSAT não está utilizando dinheiro público para bancar esta empreitada. Em tese, ela pode chamar quem bem entender.
Ps. 3: Produtoras de certos “concursos” já devem ter colocado meu nome na boca de algum sapo por aí...

sábado, 25 de maio de 2013

TELEMUNDO QUER SER A TELEVISA, SÓ QUE NÃO !

O novelista Aguinaldo Silva revelou que, durante uma das reuniões com os produtores da versão hispânica de “Fina Estampa”, questionou os cílios postiços e o cabelão das atrizes até então candidatas a personagem principal da telenovela, já que a “personagem original” não fez uso desses artifícios. A resposta veio quando um alto executivo da emissora disse que todas as atrizes mexicanas usam “cabellon” e cílios postiços. 

Na minha opinião, o referido executivo não falou a verdade quando fez essa afirmação. Ao menos não nas produções da emissora da “terra do tio San”. Pelo contrário, a Telemundo tem tentado de todas as formas afastar e “estética mexicana” das suas novelas.

Cenários precários, figurinos esfuziantes e maquiagem carregada são alguns dos elementos que são evitados nas novelas da emissora. Esses são apenas alguns exemplos da “Cartilha Televiselesca” que a emissora americana não segue de jeito algum. Aliás, com a concorrência da TV Azteca, a própria Televisa tem evitado esse tipo de coisa, mas isso é assunto para outro texto.

As razões da postura adotada pela Telemundo são óbvias: O que se pretende é ganhar o respeito do público internacional e por tabela angariar cada vez mais espectadores que não são necessariamente os latinos americanos. O que de certa forma a emissora tem conseguido, pois já vi em algum lugar que suas produções têm conquistado uma audiência do público genuinamente americano. Algo extremante improvável há algum tempo.

Outro ponto que chama a atenção tem sido a beleza do seu cast. A maioria das novelas hispânicas antigas até pareciam que tiveram seus elencos retirados de um trem fantasma. Hoje em dia, como se não bastasse o maior critério quanto ao padrão estético, já não há o receio de explorar à exaustão os corpos dos seus atores e atrizes. Não há espaço para tramas representadas com personagens muito pudicos. O que dizer quando o belo se une ao ousado? Quem não gosta dessa mistura?

E os cuidados para mostrar tais belezas também são perceptíveis. Era exatamente neste ponto que eu queria chegar: As atrizes não aparecem com penteados disformes, muito menos com o aspecto de cara pintada. Definitivamente não!

Por isso acho que o Aguinaldo Silva agiu corretamente ao se insurgir contra os cabelos e cílios das atrizes, já que se tem evitado esses excessos em produções anteriores, por que aceitá-los em Marido de Alquiler?

Em contra partida a atitude do diretor da Telemundo, ao dizer que todas as atrizes mexicanas usam esses recursos, até pode ter um fundo de verdade, mas não nas produções da emissora em que ele trabalha. Ao menos isso não é feito de forma tão indiscriminada e natural quanto o que ele tentou transparecer. Admitir o contrário seria estabelecer uma contradição com o atual panorama da emissora.

E sem querer criar celeuma, embora goste de um “furdunço”; devo dizer que o tratamento que a Telemundo tem dado a textos oriundos de outras emissoras tem sido com grande esmero. Vide as adaptações dos textos vindos da TVN do Chile. Tanto o modo de contar as histórias, quanto a forma de fazê-las foram evidentemente inspiradas nas séries de investigação americanas. Quem duvidar do que estou falando procure ver vídeos das versões americanas de “Donde Estás Elisa?” e “Alguien te Mira”.

Enfim, espero que o mesmo cuidado seja empregado com a nova versão de “Fina Estampa” e que o público americano, como um todo, também possa se divertir e se emocionar com a história que fez milhares de brasileiros ficarem diariamente à frente da TV. Só não esperem que ela tenha a mesma qualidade da versão brasileira, porque aí, já é pedir demais.

 

Obs.: Estou demorando para postar porque estou preparando novidades. Em breve vou falar sobre isso.